O uso de armas explosivas afetou cerca de 75 países e territórios, um terço do planeta, em 2023, causando um nível "sem precedentes" de danos à população e às infraestruturas civis, segundo um relatório anual da Handicap International publicado nesta segunda-feira (22).
A porcentagem de civis mortos aumentou 122% em relação a 2022, segundo este relatório, o que também indica um aumento acentuado dos ataques contra infraestruturas de saúde, educativas ou de ajuda humanitária.
A guerra na Faixa de Gaza, onde Israel lançou uma ofensiva militar há seis meses, após o ataque sem precedentes do movimento islamista Hamas em 7 de outubro no seu território, impulsionou o aumento destes números, observa o relatório.
O documento retoma dados do Banco Mundial de que mais de 60% das casas foram destruídas ou danificadas neste território palestino, um dos mais densamente povoados do mundo.
Dos 75 países e territórios afetados, nove foram sofrem maiores danos, segundo a Handicap International: Líbano, Mianmar, Paquistão, Territórios Palestinos, Somália, Sudão, Síria, Ucrânia e Iêmen.
"O uso de armas explosivas em território urbano tem consequências absolutamente devastadoras para os civis", disse à AFP Gilles Lordet, chefe desta ONG.
Além das mortes, "causam deslocamentos massivos de populações e têm consequências a longo prazo, como a contaminação do solo" devido a minas ou dispositivos não detonados, acrescenta.
O relatório aponta que os civis representaram 90% das vítimas de armas explosivas usadas nas cidades.
A divulgação deste relatório coincide com o início de uma reunião internacional de três dias em Oslo sobre como implementar uma declaração política de 2022 para melhor proteger os civis em áreas povoadas.
Desde então, 86 países assinaram esta declaração, mas 28, incluindo Brasil, Colômbia, Equador, México, Peru, Espanha e Estados Unidos, foram afetados em 2023 pelo uso de armas explosivas, observa a Handicap International.
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