Um júri americano condenou na terça-feira (23) em Miami (Flórida, sudeste) o ex-controlador equatoriano Carlos Pólit por lavagem de subornos recebidos da construtora brasileira Odebrecht, envolvida em inúmeros casos de corrupção em países latino-americanos, informou o Departamento de Justiça dos EUA nesta quarta-feira (24). 

A juíza do caso, Kathleen M. Williams, deve determinar nos próximos dias a pena imposta ao ex-funcionário. Pólit, de 74 anos, chefiou a Controladoria-Geral do Equador durante os 10 anos de presidência do esquerdista Rafael Correa (2007-2017). 

Entre 2010 e 2015, ele obteve mais de 10 milhões de dólares (51,6 milhões de reais na cotação de hoje) da Odebrecht, segundo documentos judiciais.

Como controlador, era responsável pela análise das contas e da legalidade das despesas oficiais. Mas aproveitou seu cargo para eliminar multas dos projetos da construtora, em troca de propina. 

O ex-funcionário pediu a um cúmplice que lavasse pagamentos da Odebrecht usando empresas do estado da Flórida registradas em nome de alguns associados, segundo o Departamento de Justiça. 

O esquema corrupto também usou esses subornos para comprar imóveis no sul da Flórida e em outros lugares. 

O júri condenou Pólit por uma acusação de conspiração para lavagem de dinheiro, três de ocultação de lavagem de dinheiro e duas de participação em transações com bens derivados de atividades criminosas.

Ele enfrenta uma pena máxima de 20 anos de prisão por cada acusação de lavagem de dinheiro e conspiração para lavagem de dinheiro e uma pena máxima de 10 anos por cada acusação de participação em transações de bens derivados de atividades criminosas. 

Em 2018, o Equador condenou Pólit a seis anos de prisão pelo mesmo caso durante um julgamento realizado na sua ausência. 

O ex-controlador havia viajado para Miami um ano antes, de onde havia renunciado ao cargo quando se envolveu no plano de corrupção da Odebrecht.

Segundo a Justiça equatoriana, Pólit cobrou seis milhões de dólares (quase 40 milhões de reais na cotação atual) para ignorar relatórios desfavoráveis sobre a empresa brasileira relacionados à construção de uma hidrelétrica. 

O ex-funcionário, preso em março de 2022 em Miami, também recebeu 4,1 milhões de dólares (21,1 milhões de reais na cotação de hoje) por emitir relatórios favoráveis à Odebrecht em outros cinco projetos, segundo sua sentença no Equador. 

O caso Odebrecht, que explodiu em 2016, envolveu políticos e dirigentes de 12 países latino-americanos – incluindo presidentes e ex-presidentes – que receberam centenas de milhões de dólares em subornos em troca de contratos públicos no continente.

gma/llu/aa/dd