Estudantes pró-Israel (frente) e pró-palestinos se enfrentam em um acampamento no campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), em Los Angeles, nos EUA -  (crédito: Frederic J. BROWN / AFP)

Estudantes pró-Israel (frente) e pró-palestinos se enfrentam em um acampamento no campus da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), em Los Angeles, nos EUA

crédito: Frederic J. BROWN / AFP

A guerra de Israel contra o Hamas gerou críticas e divisão em todo o mundo, incluindo nas universidades americanas, onde estudantes judeus se sentem atacados, enquanto outros assumem papéis de liderança em manifestações pró-palestinos.

 

"Muita gente se sente realmente insegura", comentou o estudante judeu Eli Sánchez, 20, que estuda economia na Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles. "Vimos muita retórica de ódio e antissemita. Cruzam essa linha tênue com frequência. Não é liberdade de expressão, é liberdade de gritar sua opinião e depois não ouvir nem participar”, disse à AFP.

 

Sánchez ressaltou que deseja a paz no Oriente Médio, e disse que alguns estudantes judeus têm medo de usar o quipá. "Nos grupos de mensagens, tinha gente perguntando: 'Alguém pode me acompanhar até a sala? Não me sinto seguro.' Isso é realmente triste."

 

Embora os protestos na UCLA tenham sido pacíficos, a polícia efetuou prisões em algumas universidades, enquanto autoridades dessas instituições lutavam para transitar entre o direito à liberdade de expressão no campus e as queixas de que as manifestações representam uma ameaça para alguns estudantes.

 

 

Algumas aulas presenciais foram suspensas e cerimônias de formatura foram canceladas em várias universidades, conforme os protestos se espalhavam pelo país.

 

- Cuspe na bandeira -

 

 

“Apoio a libertação da Palestina”, disse o estudante judeu Etai, da Universidade do Texas, que preferiu não divulgar o sobrenome. "O que não apoio é cantar 'Do rio até o mar'. Querem que Israel seja eliminado do planeta", criticou, referindo-se à frase sobre os limites geográficos do rio Jordão e do Mediterrâneo.

 

Na Universidade George Washington, na capital americana, a estudante de filosofia Skyler Sieradzky, 21, disse que levou uma cusparada por portar uma bandeira de Israel. “Acho a liberdade de expressão importante, mas não quando chama violência. Há estudantes e professores que defendem mensagens de ódio e mensagens que apelam à violência, mas nunca me senti tão orgulhosa de ser judia."

 

Outros estudantes judeus adotaram uma postura diferente. Soph Askanase, uma manifestante judia pró-palestinos, foi suspensa de Columbia e presa por invasão de propriedade. "Sentir-se incomodada é diferente de se sentir insegura."

 

Os organizadores do protesto negam as acusações de antissemitismo e argumentam que seus lemas e críticas se dirigem apenas ao governo de Israel e à sua atuação no conflito na Faixa de Gaza. Também insistem em que pessoas que não são estudantes protagonizaram os incidentes mais ameaçadores.

 

- 'Não deveria ser assim' -

 

 

Longe do derramamento de sangue e do sofrimento no Oriente Médio, muitos estudantes sentem que a experiência dos ensinos médio e universitário nos Estados Unidos não foi a que esperavam, devido à covid-19 e, agora, aos protestos.

 

“Os estudantes do último ano começaram seu primeiro ano no Zoom e terão que terminar no Zoom", disse Noah Letterman, aluno de um programa conjunto do Seminário Teológico Judeu e da Universidade de Columbia. "Para mim, isso é realmente decepcionante, porque todo mundo diz que a universidade não deveria ser assim."