As maiores petrolíferas mundiais sabiam, desde "pelo menos" os anos 1960, que as energias fósseis causariam um aquecimento global, mas negaram e até desinformaram sobre isso, segundo um relatório de parlamentares democratas nos Estados Unidos.
"Por mais de meio século, as 'Big Oil' [como são conhecidas as grandes petrolíferas nos EUA] enganaram o público americano sobre seu papel na crise climática, fazendo de tudo para que os Estados Unidos e o mundo continuassem dependentes de seus produtos poluentes", denuncia o relatório de uma comissão investigativa de parlamentares democratas da Câmara dos Representantes, publicado nesta terça-feira (30).
As "Big Oil" são os seis gigantes petrolíferos e organismos do setor investigados desde setembro de 2021 pelos congressistas: ExxonMobil, Chevron, BP America, Shell, American Petroleum Institute (API, que representa o setor petrolífero) e a Câmara de Comércio.
"Os seis [...] obstruíram e atrasaram" essa investigação, assinala o relatório de 65 páginas intitulado "Negação, desinformação e duplo discurso: evolução dos esforços das 'Big Oil' para esquivar a responsabilidade das mudanças climáticas".
Depois de negar as mudanças climáticas, o setor petrolífero teve que se voltar para a ciência, pois "era contundente demais para continuar negando" o fenômeno, expressam os legisladores.
Então foi elaborada "uma campanha de enganos e duplo discurso, respaldada por um exército de organizações profissionais, afirmando publicamente que apoiam as ações a favor do clima mas efetuando movimentos nos bastidores para evitá-las".
As petrolíferas indicaram que o gás natural era "seguro" para o clima e poderia servir como "energia de transição para um futuro sem energias fósseis", acrescenta o relatório.
"É hora de colocar as petrolíferas diante de suas responsabilidades por sua campanha de enganos e tomar ações para remediar os danos que causaram", conclui.
Em janeiro de 2023, um estudo na revista Science revelou a precisão das previsões dos cientistas da ExxonMobil sobre o aumento das temperaturas globais, algumas já em 1977.
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