O presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, declarou nesta quarta-feira (3) o estado de catástrofe nacional devido à grave seca que assola o país da África Austral provocada pelo fenômeno El Niño, colocando milhões de pessoas em risco de fome.
O Zimbábue é o terceiro país do sul da África a tomar essa decisão, após Malawi e Zâmbia, em relação à seca.
"Declaro o estado de catástrofe nacional devido à seca relacionada ao El Niño", declarou Mnangagwa durante uma coletiva de imprensa. Com esta medida, recursos excepcionais podem ser desbloqueados para lidar com a crise.
"Nenhum zimbabuense deve sucumbir à fome", acrescentou o presidente.
Mais de 2,7 milhões de pessoas enfrentarão escassez de alimentos devido à falta de chuvas e a colheitas de cereais que mal serão suficientes para alimentar metade da população, segundo o chefe de Estado.
Como não podem se abastecer de seus fornecedores tradicionais de Zâmbia e Malawi, os moageiros do Zimbábue importaram milho geneticamente modificado da África do Sul.
Uma importação que resulta em "um aumento nos preços dos alimentos, o que terá um impacto na segurança alimentar das populações pobres", disse à AFP Tafadzwa Mabhaudhi, especialista em clima e agricultura da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul.
Em março, pequenos agricultores do Zimbábue nas regiões afetadas disseram à AFP que estavam lutando para alimentar suas famílias, devido às suas pequenas colheitas e ao aumento nos preços dos alimentos.
No início de março, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) alertou que as condições meteorológicas globalmente secas no início de 2024 na África Austral, associadas ao fenômeno climático El Niño, "deveriam agravar a insegurança alimentar".
Grandes áreas de cultivo em Malawi, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue "receberam apenas 80% das precipitações médias entre meados de novembro de 2023 e fevereiro de 2024", durante o verão austral, destacou a FAO.
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