Oito pessoas foram detidas e pelo menos seis ficaram feridas durante uma manifestação de organizações sociais em Buenos Aires contra as medidas econômicas do presidente argentino, Javier Milei, e reivindicando comida para os refeitórios populares.
Durante a operação, policiais levaram pedradas dos manifestantes, disse à imprensa o ministro de Segurança da Cidade, Waldo Wolff.
Um jovem ficou ferido após cair de frente no chão ao ser contido pela polícia e ao menos seis pessoas ficaram feridas, constaram jornalistas da AFP.
"Estávamos nos manifestando pela emergência alimentar, social, a falta de alimentos nos refeitórios e o que recebemos foram paus e tiros", disse à AFP Martín Velázquez, de 46 anos, que trabalha em um refeitório popular.
A ajuda aos refeitórios populares foi suspensa em dezembro. O governo assegura buscar uma maneira de ajudar os mais necessitados de forma direta e sem intermediários, mas não foi estabelecido um sistema de transição.
Por volta do meio-dia, os manifestantes interromperam um trecho da avenida 9 de Julho, principal via do centro de Buenos Aires, até serem dispersos polícia com balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões com jatos d'água.
Uma das primeiras medidas do governo de Milei, que assumiu a Presidência em dezembro de 2023, foi o "protocolo anti-piquete", em alusão aos cortes viários como forma de protesto, que proíbe que os manifestantes interrompam o trânsito.
"Quando vimos que o diálogo era infrutífero porque não havia nenhuma intenção de parar de cortar as avenidas, o que fizemos foi começar a agir para desocupar a [avenida] 9 de Julho", disse ao canal LN+ Diego Kravetz, secretário de Segurança da Cidade de Buenos Aires e Chefe da Polícia.
O protesto, convocado pela União de Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) e pela Unidade Piqueteira, começou às 11h, quando centenas de pessoas se concentraram nas imediações do antigo Ministério de Desenvolvimento Social - local simbólico de manifestações sociais -, hoje Secretaria da Infância, Adolescência e Família.
Quatro meses depois da chegada do novo governo ultraliberal, as manifestações nas ruas são cotidianas em Buenos Aires, quando o país atravessa uma crise econômica severa, com 276% de inflação anual e cerca de metade da população mergulhada na pobreza.
Os manifestantes também denunciam uma onda de demissões anunciada na semana passada, que afeta 15.000 trabalhadores da administração federal.
Milei mantém um apoio popular que, segundo diferentes institutos de pesquisa, oscila entre 43% e 57%, alguns pontos abaixo da época em que foi empossado.
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