O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, prometeu reformas durante o seu mandato nesta quinta-feira (11), após o fracasso do seu partido nas eleições legislativas, que ampliaram a maioria da oposição no Parlamento.
Com o país imerso em uma economia oscilante e ameaças da Coreia do Norte, o resultado pode levar a um impasse durante os três anos restantes do mandato de Yoon, que pode não prosseguir com sua agenda conservadora.
"Honrarei humildemente a vontade do povo expressa nas eleições gerais, reformarei os assuntos de Estado e farei o máximo para estabilizar a economia e a vida das pessoas", disse Yoon, de acordo com o seu chefe de gabinete, Lee Kwan-sup.
De acordo com os resultados quase definitivos das eleições de quarta-feira, o Partido do Poder Popular (PPP) de Yoon caiu de 114 para 108 cadeiras na Assembleia Nacional unicameral, com 300 membros.
Por outro lado, a oposição de centro-esquerda do Partido Democrático (PD) emergiu como clara vencedora com 174 assentos, contra 156 na legislatura anterior.
O revés nas urnas fez as primeiras vítimas. O líder do PPP, Han Dong-hoon, renunciou e o primeiro-ministro, Han Duck-soo, e outros altos funcionários ofereceram suas demissões.
Como pequeno consolo, a derrota não foi tão esmagadora como previam as pesquisas de boca de urna, que apontavam para uma maioria esmagadora da oposição com quase 200 cadeiras.
- Revanche de Lee -
As eleições ofereceram uma revanche tardia para o líder da oposição Lee Jae-myung, de 60 anos, que perdeu por pouco as eleições presidenciais de 2022 para Yoon.
"Esta não é a vitória do Partido Democrático, mas uma grande vitória para o povo", disse este ex-trabalhador fabril, que foi esfaqueado no pescoço durante um comício de campanha em janeiro.
"Os políticos de ambos os lados devem unir forças para enfrentar a atual crise econômica. O Partido Democrático liderará o caminho para resolver a crise", disse ele aos jornalistas.
A vitória poderia dar a Lee uma nova chance de alcançar a presidência.
"Com este resultado, ele se tornou o legislador mais poderoso à medida que a corrida presidencial se aproxima", disse o analista político Yoo Jung-hoon à AFP.
Mas os seus críticos chamam-no de populista e citam uma série de acusações de corrupção que pairam sobre ele, as quais rejeitou.
- Crise política -
Yoon assumiu uma linha dura em relação à Coreia do Norte, ao mesmo tempo que estendeu a mão a Washington e à ex-potência colonial do Japão.
Mas a sua agenda foi bloqueada pela fraqueza do seu partido na Assembleia Nacional. Isso inclui planos para reformas nos cuidados de saúde, que desencadearam uma greve dos médicos, e a sua promessa de abolir o Ministério da Igualdade de Gênero.
O resultado eleitoral representa "a maior crise política" para Yoon desde que chegou ao poder, segundo o jornal conservador Chosun Ilbo.
Os analistas destacaram que a votação de quarta-feira reflete a frustração com o governo por não abordar a desigualdade, os elevados preços da habitação e o desemprego juvenil neste país de 51 milhões de habitantes.
"A eleição é uma dura advertência do público que forçará Yoon a mudar de rumo e a cooperar com a oposição se não quiser ser um líder sem peso durante o resto do seu mandato", disse Chae Jin-won, da Universidade Kyung Hee, à AFP.
O analista destacou que a posição do presidente é precária, apesar de a oposição não ter alcançado a maioria absoluta que esperava, com dois terços do Parlamento que lhe teriam permitido o impeachment de Yoon.
Se Yoon não encontrar uma forma de trabalhar com a oposição, "seria possível um impeachment, que algumas facções do partido no poder poderiam abraçar em prol do seu próprio futuro político", segundo Chae.
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