As mexicanas Carmen e Lupita Andrade, de 23 anos, fazem sucesso nas redes sociais contando como é serem siamesas. A dupla, que mora nos Estados Unidos, faz conteúdos sobre como é habitar o mesmo corpo, compartilhando órgãos e membros abaixo da cintura.
@carmenandlupita Your long awaited FAQ
? original sound - Carmen and Lupita
Em um vídeo, que foi visto quase 10 milhões de vezes, elas responderam às dúvidas mais comuns que recebem na internet. Elas também pediram para os seguidores interagirem com questões além do fato de serem siamesas. "Nós só queremos aproveitar o TikTok sem publicar um vídeo que não tem nada a ver com os nossos corpos e receber um monte de perguntas que são muito intrusivas sobre os nossos corpos", pediu Carmen.
"Temos dois corações separados, dois pulmões separados, dois estômagos diferentes que se conectam em um sistema digestivo, um sistema reprodutivo, temos um rim cada, dois braços cada e uma perna - demorou bastante tempo na fisioterapia para aprender a andar", esclareceu.
Ela explicou que, por terem dois cérebros, quando uma fica cansada, não necessariamente a outra também fica. “Uma de nós pode estar acordada e outra pode estar dormindo porque, novamente, cérebros diferentes. Somos duas pessoas distintas”, ressaltou. O mesmo acontece com o controle dos membros. “Não podemos controlar os membros ou metades uma da outra. Também não conseguimos ler a mente uma da outra. E se eu fechar meus olhos eu não consigo ver através dos olhos dela. A quantidade de vezes que recebi essa pergunta", disparou. Carmen destacou, ainda, que por controlar o pé direito, ela é quem dirige.
Apesar de serem conectadas, elas também conseguem sentir dor de forma separada. "Ela não sentiu quando eu fiz meu piercing e eu não senti quando ela fez o piercing dela. Conseguimos sentir a região em que somos conectadas, mas a sensação vai diminuindo cada vez mais conforme vai se afastando da região", disse.
Por outro lado, as duas compartilham a mesma corrente sanguínea, o que significa que, se uma ingerir bebidas alcóolicas, as duas ficarão bêbadas. Pelo mesmo motivo, se uma delas falecer, a outra também morrerá. “Compartilhamos uma corrente sanguínea, então eventualmente a sepse irá aparecer e, obviamente, dentro de horas ou dias a outra morrerá”, explicou. No entanto, Carmen destacou que a pergunta é um tanto quanto desagradável. "Mas não estamos mortas, então por que sempre nos perguntam isso? Nós parecemos médicas?", questionou.
Já em relação à alimentação, é um pouco diferente já que, mesmo tendo a mesma corrente sanguínea, elas têm dois estômagos. Isso quer dizer que as duas precisam se alimentar e se sentir saciadas.
As irmãs também explicaram que são duas pessoas diferentes e, portanto, cada uma tem seu próprio documento. Na escola, elas também faziam provas separadas. Uma das perguntas mais frequentes é relação às implicações legais caso algumas delas cometa um crime. Mas Carmen respondeu aos seguidores. “Nunca passamos por isso, então como teríamos esse tipo de conhecimento?", destacou.
Mas as perguntas mais frequentes dizem respeito a sexo e relacionamentos. As duas têm um só sistema reprodutor. Elas foram diagnosticadas com endometriose e ambas sentem dores na região pélvica. Carmen tem um namorado, chamado Daniel. Eles estão juntos há quase 3 anos. Já Lupita é assexual.
O casal se conheceu um aplicativo de namoro. Carmen disse que nunca escondeu o fato de ser gêmea siamesa e que, desde o primeiro contato, sentiu um tratamento respeitoso por Daniel. Os dois falam em noivar e morar juntos. Lupita, claro, iria junto. Carmen ressalta que o namorado e a irmã se dão muito bem.
“É engraçado porque fico acordada até mais tarde que a Lupita, mas quando o Daniel vai dormir comigo, eu adormeço rápido — e ele fica conversando com ela. Às vezes, me sinto mal porque quero passar muito tempo com Daniel. Então, tentamos chegar a acordos. Tipo, Lupita escolhe onde vamos jantar ou quais atividades vamos fazer. Daniel e eu adoramos crianças, mas não queremos filhos. Eu gosto de ser mãe de cachorro! Lupita e eu não conseguimos engravidar, temos endometriose e também tomamos um bloqueador hormonal que nos impede de menstruar”, afirma Carmen.
Por fim, Carmen explicou porque as duas não querem se separar. “Se fizéssemos uma cirurgia de separação, qualquer uma de nós poderia morrer, nós duas poderíamos morrer ou acabar na UTI, sem nunca mais poder sair”, afirma. Carmen está na faculdade de enfermagem veterinária, Lupita pretende trabalhar na mesma área, como técnica, e sonha em escrever comédia.