O "grande ano eleitoral", como o FMI chama 2024, quando quase metade da população mundial votará, poderá ter consequências fiscais em muitos países, devido ao aumento do gasto público, alertou um responsável da organização.
Em entrevista à AFP, o encarregado de política orçamentária do FMI, o ex-ministro das Finanças português, Vitor Gaspar, lembrou que "a política orçamentária é, acima de tudo, política, e este ano é um ano perfeito para ilustrá-lo".
"A História sugere e os dados empíricos confirmam que os Estados gastam mais e tributam menos em anos eleitorais. O estudo que fizemos" nos anos anteriores às eleições "mostra que os déficits públicos são mais altos que o previsto, em média 0,4% do PIB, nos anos eleitorais", explicou Gaspar.
A diferença este ano é que as eleições ocorrem após várias crises importantes, como a pandemia da covid-19, que levou os Estados a financiar setores inteiros da sua economia.
Mas, em um contexto de aumento das taxas de juros para combater a inflação, os governos devem encontrar espaço fiscal para funcionar e, ao mesmo tempo, responder a seus vencimentos, com o aumento dos custos da dívida.
Por esta razão, o FMI recomenda que os governos evitem o aumento dos déficits das finanças públicas, algo que pode ocorrer com maior probabilidade em ano eleitoral, disse Gaspar.
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