Evacuar mais de 1 milhão de civis de Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza que Israel pretende invadir, “não é possível” nas condições atuais, alertou nesta terça-feira Fabrizio Carboni, diretor regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para o Oriente Médio.
Muitos países e organizações humanitárias manifestaram preocupação com os preparativos israelenses para lançar uma ofensiva militar em Rafah, que Israel considera o último grande reduto do movimento islamita Hamas, contra o qual está em guerra.
“No momento, não vemos nenhum plano de evacuação dos civis” de Rafah, disse Carboni à AFP, durante uma uma conferência em Dubai. Cerca de 1 milhão e meio de pessoas, a maioria deslocada pelo conflito, vivem em Rafah, localizada na fronteira com o Egito, que está fechada.
“Quando vemos o nível de destruição no centro e norte da Faixa de Gaza, não vemos com clareza para onde poderiam levar as pessoas para que tenham abrigos decentes e serviços essenciais”, disse Carboni. "Com as informações que temos hoje, e na situação em que estamos, não vemos como possível essa evacuação em massa."
Segundo funcionários egípcios citados pelo jornal americano Wall Street Journal, Israel planeja transferir os civis de Rafah para Khan Yunis, onde pretende instalar barracas e centros de distribuição de alimentos.
A operação de evacuação levaria de duas a três semanas e seria realizada em coordenação com os Estados Unidos, o Egito e outros países árabes, como os Emirados Árabes, segundo funcionários egípcios.
Para Carboni, no entanto, “uma operação militar em Rafah não pode ser realizada sem consequências humanitárias devastadoras. Devido ao nível de destruição, ao cansaço das pessoas - algumas delas feridas ou doentes - e ao acesso limitado a comida e serviços básicos, considero essa evacuação extremamente difícil”, avaliou, durante a Conferência Internacional de Dubai sobre desenvolvimento e ajuda humanitária.
Para Jan Egeland, secretário-geral da ONG Norwegian Refugee Council (NRC), uma ofensiva terrestre em Rafah, “o maior campo de deslocados” do mundo, levaria a “uma situação apocalíptica”.
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