Cerca de 100 manifestantes pró-palestinos foram detidos brevemente na manhã deste sábado (27) em um campus de Boston, e outros 69 no estado do Arizona nos episódios mais recentes de um movimento estudantil que se espalha pelos Estados Unidos.
Iniciadas na semana passada na Universidade de Columbia, em Nova York, estes novos protestos em apoio aos palestinos e contra a guerra que Israel executa na Faixa de Gaza foram realizados em vários campi americanos, da Califórnia (oeste) à Nova Inglaterra (nordeste), passando pelo sul do país.
Em Boston, "aproximadamente cem pessoas foram detidas pela polícia", informaram as autoridades da Northeastern University na rede X.
"Os estudantes que apresentaram o documento de identificação da Universidade Northeastern foram liberados (...) Aqueles que se negaram a comprovar o vínculo foram detidos", acrescentou o estabelecimento.
Mais tarde, a universidade informou que a área do campus onde os protestos foram realizados "estava completamente segura" às 11h30 locais (12h30 de Brasília), "e todas as operações do campus voltou à normalidade".
Na Universidade do Estado do Arizona (ASU), no sul, forças de ordem "detiveram 69 pessoas depois da instalação de um acampamento não autorizado", informou o centro de ensino em uma nota, na qual indicou que a "maioria não era estudante ou membro do pessoal da ASU".
Estas pessoas serão "acusadas de intrusão ilegal", acrescentou.
Nos últimos dias, a polícia realizou detenções em massa nas universidades, fazendo uso de gás lacrimogêneo e pistolas 'taser' para dispersar os manifestantes.
- "Infiltrado" -
"O que começou há dois dias como um protesto estudantil foi infiltrado por organizadores profissionais sem ligação com a Universidade Northeastern", denunciou o centro de ensino de Boston, cidade histórica do nordeste dos Estados Unidos que também abriga a renomada Harvard.
Os estudantes detidos no campus serão submetidos a "procedimentos disciplinares", mas "não a medidas jurídicas", segundo o comunicado da universidade.
A reitoria da Universidade Columbia, epicentro do movimento, anunciou que desistiu de recorrer à Polícia de Nova York (NYPD) para esvaziar o acampamento instalado em seu campus para "não inflamar ainda mais a situação".
No entanto, afirmou que um dos líderes do movimento, Khymani James, foi proibido de entrar na área da universidade.
Em um vídeo divulgado em janeiro, James disse que "os sionistas não merecem viver". O jovem se desculpou em seguida.
"Cânticos, cartazes, provocações e postagens nas redes sociais de nossos próprios estudantes que ameaçam 'matar' judeus são totalmente inaceitáveis. Os estudantes de Columbia envolvidos em tais incidentes serão responsabilizados", afirmou a universidade.
- Outros campi -
Na Califórnia, a Universidade Politécnica Humboldt anunciou que fecharia o campus até o final do semestre, e que os trabalhos vão seguir remotamente após várias tentativas esta semana de "invasão de múltiplos edifícios".
Na Universidade da Pensilvânia, seu presidente ordenou dissolver um acampamento após afirmar que havia "informações confiáveis de conduta de assédio e intimidação".
Em 7 de outubro passado, militantes palestinos atacaram Israel, matando 1.170 pessoas, segundo um balanço da AFP com base em números oficiais israelenses. Também fizeram reféns cerca de 250 pessoas. Israel estima que 129 permaneçam em Gaza, incluindo 34 que teriam morrido.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza, que já deixou ao menos 34.356 mortos, em sua maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
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