A mais velha das crianças indígenas que ficaram perdidas em 2023 por 40 dias na floresta da Colômbia disse ter rastejado metade do percurso devido aos ferimentos que sofreu no acidente do avião, de acordo com um avanço da investigação, publicado nesta quinta-feira (2) pela autoridade aeronáutica.
Lesly Mucutuy, com 13 anos no acidente, foi a heroína do caso de sobrevivência que correu o mundo. Ela protegeu seus três irmãos enquanto vagavam pela Amazônia colombiana, onde caiu a aeronave em que viajavam em 1º de maio do ano passado, supostamente por problemas no motor.
Estavam acompanhados de sua mãe, que faleceu junto com outros dois adultos.
Um relatório preliminar do órgão colombiano encarregado pela Aeronáutica Civil (Aerocivil) assegura que Lesly "se deslocou de joelhos, apoiada em seu quadril, usando seus dois braços para segurar na vegetação circundante" por 20 dias.
Isso "devido à lesão que sofreu na parte interior de sua perna esquerda" no momento do acidente, detalhou o Aerocivil.
Apesar de sua condição, a menor cuidou de seus irmãos mais novos: Soleiny, de 9 anos, Tien Noriel, de 5, e Cristin, um ano.
Após seu resgate, feito por indígenas e militares, as crianças passam seus dias sob os cuidados de uma instituição pública que zela pelos direitos das crianças em uma cidade na selva que não foi revelada.
Outros detalhes inéditos do relatório revelam que Lesly perdeu a consciência por vários minutos quando a aeronave Cessna U206G atingiu as copas das árvores e se partiu. Ao acordar, tinha um ferimento na cabeça e outro na perna que causava intensa dor.
Um de seus sapatos ficou preso no trilho da cadeira que ocupava, então ela andava de meias. Poucos dias após o resgate, a menina sofreu um ataque de pânico, segundo o relatório.
Por ordem do presidente Gustavo Petro, as Forças Armadas realizaram uma intensa busca pelas crianças com vários sobrevoos de helicópteros. A mais velha dos Mucutuy afirmou que ouviram as aeronaves e a comunicação pelos alto-falantes com a voz de sua avó, mas a densa selva os impediu de vê-los.
Guiados por objetos que os menores deixavam pelo caminho, os militares soltaram cerca de 100 kits com alimentos e objetos de sobrevivência, mas os irmãos nunca os encontraram.
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