A controversa procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, descartou, nesta terça-feira (7), renunciar apesar dos esforços do presidente Bernardo Arévalo para removê-la do cargo, a quem acusou de "mentir" em seu discurso de luta anticorrupção.

Em uma mensagem para dezenas de procuradores e transmitida pelas redes sociais, Porras, cujo mandato termina em 2026, classificou as ações do presidente como "espúrias, maliciosas e antidemocráticas".

Na segunda-feira, Arévalo, que assumiu o poder em 14 de janeiro, entregou pessoalmente ao Congresso um projeto de reforma para facilitar a remoção da procuradora-geral, pois não tem poderes legais para fazê-lo.

"Não mintam mais para o povo. Vocês se referem a um ciclo sombrio, mas deixem-me dizer que o ciclo sombrio é o de vocês, já que sua bandeira tem sido a anticorrupção e, em mais de 100 dias de governo, não apresentaram uma única denúncia", afirmou.

Porras disse ao presidente que se dedique à "governança e pare de culpar o Ministério Público" pelos problemas do país.

"Pare de mentir para o povo, seja sério, ponha-se a trabalhar", acrescentou em tom forte, ao indicar que em quase cinco meses de governo apenas 10% do orçamento nacional foi executado.

A procuradora-geral, que enfrenta sanções dos Estados Unidos e da União Europeia por ser considerada "corrupta", colocou em xeque a transição presidencial ao tomar medidas judiciais em 2023 contra a eleição de Arévalo e seu partido Semilla.

A mensagem da procuradora havia despertado expectativas sobre sua renúncia ou permanência no cargo.

Reafirmando sua decisão de concluir seu mandato, Porras disse que continuará sendo "um obstáculo para todos aqueles que atentam contra a democracia".

"Sim, serei um obstáculo para um corrupto", insistiu, lembrando que o partido Semilla, de Arévalo, está sob investigação por supostas irregularidades em sua constituição em 2017.

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