O número de mortos nas históricas enchentes no Rio Grande do Sul chegou a 100 nesta quarta-feira (8) e as autoridades pedem aos afetados que não voltem para as áreas de risco. 

Segundo a Defesa Civil, pelo menos 100 pessoas morreram, 372 ficaram feridas e 128 estão desaparecidas nas inundações provocadas por transbordamento de rios após as chuvas torrenciais da última semana no Rio Grande do Sul. 

As autoridades insistiam nesta quarta-feira para que os habitantes não retornassem para as áreas de risco e alertavam sobre a possibilidade de instabilidade nos terrenos e de perigos para a saúde. 

"As águas contaminadas podem transmitir doenças", diz Sabrina Ribas, porta-voz da Defesa Civil. 

Em mais de 400 municípios afetados, incluindo Porto Alegre, mais de 160 mil pessoas foram retiradas de suas casas por esse desastre climático, cuja violência especialistas e o Governo vinculam à mudança climática. 

- 100 mil casas danificadas ou destruídas -

Quase 100 mil casas foram danificadas ou destruídas pela força da natureza. Os danos econômicos ultrapassam 4,6 bilhões de reais, segundo estimativa da Confederação Nacional dos Municípios. 

O rio Guaíba, que transbordou sobre Porto Alegre, baixou para 5,14 metros nesta quarta-feira, mas a situação ainda é instável. 

Na zona do Gasômetro, um dos tradicionais pontos turísticos da cidade, as águas ainda subiam nesta quarta-feira e os socorristas voluntários tiveram dificuldades em atravessar as ruas alagadas.

"Só cruzar caminhando ou de barco. Não tem jeito", disse à AFP Luan Pas, de 30 anos, em sua caminhonete a poucos metros das águas que inundam ruas e calçadas nesta zona do oeste da cidade.

- "Universo paralelo" -

A poucos metros de distância, em uma rua que se tornou um lago de água parada, voluntários com lanchas e jetskis se preparam para iniciar mais um dia de resgate daqueles que ainda estão presos em suas casas ou simplesmente não quiseram deixá-las por medo de roubo. 

Mais de uma semana depois do início das chuvas, sem correntes para movimentar as águas, o odor é nauseante em uma cidade que tem áreas convertidas em verdadeiros lixões. 

As operações no porto de Porto Alegre permanecem suspensas.

Após o fechamento por tempo indeterminado do aeroporto internacional, a base militar de Canoas receberá voos comerciais para transportar doações e passageiros que retornam ao estado, informou a Força Aérea.

Em uma esquina do centro histórico de Porto Alegre, em uma área a salvo das águas, dezenas de pessoas usavam um gerador alugado por uma farmácia para carregar seus celulares, ferramenta vital para entrar em contato com familiares e amigos em meio ao caos. 

"Isso é um universo paralelo", resume a professora universitária Daniela da Silva, de 30 anos.

- Alerta por novas chuvas -

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertou para tempestades de "perigo potencial" no sul do estado até quarta-feira, com chuvas e ventos intensos. As precipitações devem continuar, com "aguaceiros" de sexta a domingo na região de Porto Alegre.

A emergência no Brasil coincide com a publicação nesta quarta-feira de um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) que destaca um recorde de perigos climáticos na América Latina e no Caribe em 2023 em decorrência do fenômeno El Niño e dos efeitos do aquecimento global por influência da atividade humana. 

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