A Catalunha vota neste domingo (12) em importantes eleições nas quais os socialistas do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, procuram acabar com o domínio independentista nesta região fundamental, se prevalecendo sobre Carles Puigdemont, líder da tentativa separatista de 2017.
Com cerca de 8 milhões de habitantes, esta rica região do nordeste da Espanha, um dos motores econômicos e industriais do país, elegerá 135 deputados de seu Parlamento regional.
Às 16h00 (13h em Brasília), duas horas antes do fechamento das urnas, cerca de 45,8% dos eleitores já haviam votado, uma percentagem muito semelhante à das eleições de fevereiro de 2021, marcadas pela pandemia de covid-19.
"Estamos abrindo uma nova etapa decisiva na Catalunha", disse o candidato socialista Salvador Illa, após votar em uma localidade próxima de Barcelona.
Sánchez confia neste ex-ministro da Saúde para completar a "mudança' nas eleições onde também tem muito em jogo.
Os resultados nesta região fundamental lhe permitiriam impulsionar o novo mandato que iniciou em novembro do ano passado, que foi dificultado pela dura oposição da direita e pela abertura de uma investigação judicial contra a sua esposa, o que o levou a cogitar a renúncia há duas semanas.
Também representariam um impulso à estratégia de "reencontro" que optou desde sua chegada à presidência do governo espanhol em 2018, e que o levou a aprovar medidas como o perdão aos líderes separatistas condenados à prisão.
A mais recente foi a promoção da polêmica lei de anistia aos independentistas, em troca de apoio dos partidos catalães em seu novo mandato no final de 2023, uma jogada muito criticada pela oposição.
"A questão da independência acalmou. Acho que as pessoas estão menos tensas", disse Ainhoa Matos, de 31 anos, após votar em Barcelona.
- Fator Puigdemont -
A lei de anistia, a qual o Parlamento espanhol deve aprovar nas próximas semanas, abrirá uma porta de retorno à Espanha para Puigdemont, que passou seis anos e meio na Bélgica para não ser preso pela Justiça espanhola.
Seu partido, Juntos pela Catalunha, e segundo as pesquisas atrás apenas dos socialistas, e o próprio líder separatista esperam completar um "retorno" que lhe permitirá assumir novamente o cargo de presidente regional, assim que a anistia for aprovada.
Caso não consiga, contou sobre sua intenção de abandonar a política local.
"Esperamos que seja o último dia de muitos exilados, de muitas pessoas que estão fora", declarou ele neste domingo, no sul de França.
- Independentismo dividido -
O Juntos pela Catalunha e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) — partido do atual presidente catalão, o moderado Pere Aragonès — mantêm uma concorrência acirrada.
"Eles não conseguem chegar a acordo, apesar de serem quase do mesmo sindicato, todos catalães", lamentou Anna Trullols, uma eleitora pró-independência de 80 anos, em Barcelona.
Nas eleições regionais em 2021, o bloco separatista obteve 74 das 135 cadeiras no Parlamento regional. Mas nas últimas legislativas espanholas, em 23 de julho de 2023, os socialistas ganharam força na Catalunha face a um acentuado declínio separatista, sobretudo da ERC.
A campanha pró-independência poderá se complicar ainda mais se a emergente Aliança Catalã, secessionista de extrema direita, obtiver representação, como indicaram algumas pesquisas, uma vez que outros partidos separatistas não concordaram em estabelecer um acordo.
A situação também é complexa para o Partido Socialista, que segundo pesquisas, deverá obter cerca de 40 assentos, o que significa que que Illa também deverá encontrar aliados para alcançar a maioria absoluta.
Uma das possibilidades é uma aliança dos socialistas com a extrema esquerda, membros do governo a nível nacional, e também a ERC, o que romperia quase uma década de colaboração do bloco independentista.
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