O poderoso senador democrata de origem cubana Robert Menéndez é julgado a partir desta segunda-feira (13) por suspeitas de participação em uma rede de corrupção a favor dos governos do Egito e do Catar.

O senador de 70 anos, um dos pesos pesados do Partido Democrata, assim como sua esposa Nadine Menéndez, é acusado de aceitar propinas, conspirar como agente do Egito, de tráfico de influência a favor do Cairo, além de ajudar um empresário a conseguir investimentos de um fundo catari. 

Em março, foi acusado de obstrução da Justiça na investigação dos subornos relacionados a esses países.

Os empresários Wael Hana e Fred Daibes, acusados de suborno e fraude, também são julgados. Um terceiro, José Uribe, se declarou culpado. O julgamento de Nadine Menéndez foi adiado para julho por problemas de saúde.

A seleção dos jurados deu início ao procedimento no Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York. Se for declarado culpado, ele pode ser condenado a até 20 anos de prisão.

"O senador e sua esposa aceitaram centenas de milhares de dólares em propinas para que o senador Menéndez utilizasse seu poder e influência para proteger e enriquecer esses empresários e beneficiar ao governo do Egito", disse o promotor Damian Williams em seu parecer de acusação.

"Menéndez proporcionou informação sensível do governo dos Estados Unidos e adotou outras medidas que ajudaram secretamente o governo do Egito", acrescentou.

O democrata de Nova Jersey, que continua no cargo, renunciou à presidência da poderosa Comissão de Relações Exteriores do Senado após a acusação.

- Dinheiro e barras de ouro -

A polícia encontrou em sua casa 480.000 dólares (2,46 milhões de reais na cotação atual) escondidos entre as roupas e um cofre, 13 barras de ouro, um Mercedes-Benz conversível, um anel de diamantes e móveis.

O senador se declarou não culpado e justificou a quantidade de dinheiro que mantinha em sua casa com "a história" de sua família, "vítima do confisco em Cuba". Porém, garantiu que sacou o dinheiro "de sua conta de salário" produto de "30 anos de trabalho".

Segundo a Promotoria, Menéndez recebeu propina para ajudar Daibes, que "buscava milhões de dólares em investimentos de um fundo vinculado ao (...) Catar realizando atos" em benefício de Doha.

Menéndez teria apresentado Daibes a um membro da família real do Catar, que também era diretor de uma empresa de investimentos não identificada nesse país do Oriente Médio.

Nas acusações relacionadas ao Egito, Menéndez havia sido apontado por aceitar centenas de milhares de dólares em subornos de três moradores de Nova Jersey entre 2018 e 2022, e de ter utilizado seu "poder e influência para proteger, enriquecer a esses empresários e beneficiar o governo" egípcio.

Senador desde 2006 e antes membro da Câmara de Representantes por 14 anos, Menéndez tem sido um democrata incondicional no Congresso durante três décadas. 

Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado foi um feroz opositor à normalização das relações com Cuba, ferrenho inimigo da Venezuela e China, e defensor de Israel.

Será seu segundo julgamento por corrupção em sete anos. Em 2015, foi acusado de aceitar voos em aviões privados, férias de luxos e mais de 750.000 dólares (2,9 bilhões de reais na cotação da época) em doações ilegais de campanha. Porém, três anos mais tarde o júri não chegou a uma decisão unânime e o Departamento de Justiça desistiu de voltar a julgá-lo.

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