Pessoas participam de passeata LGBTQIA+ em Havana (Cuba)  -  (crédito: YAMIL LAGE / AFP)

Pessoas participam de passeata LGBTQIA+

crédito: YAMIL LAGE / AFP

A violência e o assédio contra pessoas LGBTQ na Europa atingiram um “novo pico” nos últimos anos, de acordo com uma pesquisa publicada nesta terça-feira (14) pela agência de direitos humanos da União Europeia. 

De acordo com a Agência da União Europeia para os Direitos Fundamentais (FRA), embora cada vez mais pessoas LGBTQ se sintam capazes de mostrar abertamente a sua identidade, a discriminação que enfrentam "continua elevada" e sofrem "mais violência, assédio e intimidação" do que antes. 

A FRA interrogou mais de 100.000 pessoas LGBTQ de todos os 27 Estados-Membros da UE, bem como da Albânia, da Macedônia do Norte e da Sérvia. A pesquisa revelou que 14% dos entrevistados sofreram uma agressão física ou sexual nos cinco anos anteriores à realização da pesquisa em 2023, com as pessoas intersexuais enfrentando a maior violência. 

 

 

Os dados representam um aumento de três pontos desde que a FRA realizou uma pesquisa semelhante em 2019. Os resultados são um “claro sinal de alarme”, embora “apresentem um paradoxo”, disse a diretora da FRA, Sirpa Rautio. “Por um lado, as pessoas estão se tornado mais abertas sobre a sua orientação sexual e, por outro, o assédio cotidiano, o bullying nas escolas, os crimes de ódio e as taxas alarmantemente elevadas de violência contam uma história diferente”, alertou. 

“A maioria (das pessoas LGBTQ) continua a evitar dar as mãos aos seus parceiros em público por medo de serem atacadas”, afirmou um comunicado que acompanha o relatório. 

No entanto, a agência com sede em Viena afirmou que a discriminação permanece invisível, com os incidentes subnotificados. 

 

 

O bullying nas escolas piorou dramaticamente, já que mais de dois em cada três entrevistados afirmam ter sido vítimas de bullying, um aumento acentuado em comparação com um em cada dois em 2019. 

Na Hungria, onde os direitos das pessoas LGBTQ foram questionados nos últimos anos, apenas 3% dos entrevistados afirmam que o seu governo "combate o preconceito e a intolerância" em relação a eles, a percentagem mais baixa no bloco em comparação com uma média de 26% na União Europeia. 

Para um combate mais eficiente às campanhas de ódio e desinformação contra as pessoas LGBTQ, a FRA apelou aos Estados-Membros para que "abordem o risco de distorção nos algoritmos e garantam a responsabilização das plataformas digitais perante a legislação da UE".