A presidente do Peru, Dina Boluarte, afirmou nesta terça-feira (14), que governará até 2026, quando termina seu mandato, apesar dos múltiplos escândalos de corrupção que abalam seu frágil governo.
"Vamos continuar caminhando até 28 de julho de 2026! Porque aqui o povo escolheu uma chapa presidencial e, de acordo com a Constituição, isso deve ser respeitado", disse a mandatária durante um evento na cidade portuária de El Callao, vizinha a Lima.
Na quarta-feira, Boluarte, de 61 anos, está convocada pelo Ministério Público para prestar um novo depoimento no âmbito do chamado "Rolexgate", investigação que enfrenta por relógios de luxo que não declarou como parte de seus bens.
Ao mesmo tempo, está sendo interrogada pela repressão das manifestações que seguiram sua posse em dezembro de 2022, quando cerca de cinquenta pessoas teriam morrido supostamente pelas mãos da polícia e militares.
A presidente também foi envolvida no escândalo que envolve seu irmão Nicanor Boluarte, que foi detido preliminarmente na sexta-feira sob suspeita de liderar uma rede de corrupção que nomeava funcionários em troca de subornos, aproveitando o "poder de fato" que recebeu de sua irmã, de acordo com o judiciário.
Em decorrência disso, a bancada minoritária de esquerda Mudança Democrática-Juntos pelo Peru anunciou que apresentará um "pedido de vacância [destituição]" contra a presidente.
No entanto, antes terá que reunir 26 assinaturas para que a medida seja aceita pelo Congresso. Uma vez o pedido admitido, são necessários 52 votos do total de 130 congressistas ou 40% dos legisladores presentes no Plenário, para que a presidente responda a um processo de impeachment.
"Chega de caminhar contra o povo peruano, orquestrando situações que não favorecem o desenvolvimento do país!", afirmou Boluarte nesta terça-feira.
A presidente assumiu o poder em dezembro de 2022, substituindo Pedro Castillo, destituído e preso por sua tentativa fracassada de dissolver o Congresso.
Com ela, são seis os presidentes envolvidos em casos de corrupção neste século. Desde 2016, o Peru teve seis presidentes em meio à pior onda de instabilidade de sua história moderna.
Caso o Ministério Público decida acusá-la formalmente, Boluarte só seria levada a julgamento no final de seu mandato, de acordo com a Constituição.
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