O governo federal anunciou nesta quarta-feira (15) novas ajudas para milhares de famílias vítimas da catástrofe climática que assola o sul do Brasil, durante a terceira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Rio Grande do Sul, devastado pelas águas.

Quase duas semanas depois que chuvas intensas inundaram centenas de localidades no estado gaúcho, o alcance dos estragos ainda é difícil de estimar.

As inundações deixaram até esta quarta-feira 149 mortos e 108 desaparecidos, segundo a Defesa Civil. Além disso, mais de meio milhão de pessoas foram evacuadas para salvar suas vidas.

Aproximadamente 80 mil pessoas estão em dezenas de abrigos instalados em escolas ou ginásios.

"Não mediremos esforços para ajudar as pessoas a reconstruir suas vidas", disse Lula na cidade de São Leopoldo, ao norte de Porto Alegre e uma das afetadas pela calamidade.

O governo entregará a cada família afetada diretamente pelas inundações um Auxílio Reconstrução no valor de R$ 5,1 mil para repor alguns dos bens perdidos.

A ajuda chegará a 240 mil famílias, detalhou o ministro da Casa Civil, Rui Costa, totalizando R$ 1,2 bilhão.

Além disso, o governo federal fará uma compra em massa de habitações do setor privado para entregar aos desabrigados, que atualmente se distribuem entre abrigos e lares de familiares.

Segundo os dados do governo, na região há cerca de 14 mil habitações em construção que entram neste plano, das quais 600 já estão terminadas.

As propriedades que estejam penhoradas judicialmente também serão adquiridas para o mesmo fim.

O presidente fez os anúncios acompanhado do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assim como de uma ampla delegação de ministros e outros funcionários do alto escalão, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso.

O governo criou uma secretaria extraordinária de apoio à reconstrução após a catástrofe e nomeou como titular o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT-RS).

Em São Leopoldo, Lula visitou um abrigo para cerca de 1.500 pessoas instalado no campus de uma universidade. O presidente conversou com muitos dos presentes e expressou sua solidariedade.

Com alguns intervalos, as chuvas continuam caindo no território castigado do sul do Brasil.

Os moradores de Lajeado, outra localidade do interior gaúcho, cruzavam uma ponte improvisada erguida pelo Exército sobre o rio Forquilha depois que a violência das águas destruiu a estrutura original.

"É bem complicado de ver tudo do jeito que está. As pessoas que perderam as casas... É bem complicado até todo mundo se reerguer de novo", disse à AFP Josiane Platsch, uma técnica em agropecuária de 27 anos.

Pelo menos sete rios continuam com níveis acima da cota de inundação nesta quarta-feira, entre eles o Guaíba, em Porto Alegre.

O escritório de ajuda humanitária da Usaid, a agência americana para o desenvolvimento internacional, disponibilizou US$ 150 mil (R$ 771 mil) para fornecer artigos sanitários e kits de primeiros socorros para ajudar as populações de várias cidades afetadas pelas inundações, segundo um comunicado divulgado nesta quarta-feira.

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