O governador do Texas, o republicano Greg Abbott, concedeu indulto nesta quinta-feira (16) a um homem condenado por matar um manifestante armado durante um dos protestos em massa do movimento Black Lives Matter (BLM, Vidas Negras Importam) em 2020 nos Estados Unidos.

"Daniel Perry disparou sua arma contra Garrett Foster para eliminar o que percebeu como uma ameaça à sua segurança", disse Abbott, um republicano conservador, em sua resolução de indulto.

Perry, um sargento do Exército americano e motorista de um serviço de táxis, disse que se deparou com uma manifestação enquanto dirigia seu veículo em Austin, capital do Texas, no sul dos Estados Unidos, em julho de 2020. A multidão protestava contra o racismo e a brutalidade policial, após o assassinato de George Floyd em Minneapolis, Minnesota, por policiais dois meses antes.

Em meio a uma confrontação, Perry disparou sua arma contra Garrett Foster, um manifestante branco de 28 anos, que legalmente portava um rifle AK-47.

Perry argumentou que disparou em legítima defesa, embora a Promotoria tenha considerado que foi ele próprio quem provocou a confrontação. Ele foi condenado a 25 anos de prisão, mas Abbott, atendendo ao clamor de grupos conservadores, anunciou no ano passado que buscaria perdoá-lo e solicitou a intervenção da Junta de Indultos e Liberdade Condicional do Texas.

Após a condenação, foram reveladas postagens racistas de Perry em suas redes sociais, comparando os manifestantes a animais ou macacos, e mensagens expressando seu desejo de matá-los.

Nesta quinta-feira, "após uma análise detalhada das informações coletadas", a Junta de Indultos informou que "votou unanimemente para recomendar um perdão total e a restauração dos direitos de [porte e uso de] armas de fogo" de Perry, hoje com 37 anos.

"O Texas tem uma das leis de autodefesa 'Stand Your Ground' [Defenda Sua Posição] mais rígidas, que não pode ser anulada por um júri ou um promotor de distrito progressista", disse Abbott em comunicado. "Agradeço à Junta por sua investigação minuciosa e aprovo sua recomendação de indulto", acrescentou.

Sua decisão foi apoiada pelo procurador-geral do Texas, o conservador Ken Paxton, que afirmou na rede social X que o movimento BLM "aterrorizou" o país em 2020.

Mas o promotor de distrito do condado de Travis, José Garza, um democrata que estava encarregado do caso, criticou a resolução.

"A Junta e o governador colocaram sua política acima da justiça e zombaram de nosso sistema legal [...] Eles deveriam se envergonhar", disse em comunicado divulgado pela imprensa.

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