“Imaginemos por um momento o país que vem aí”: Edmundo González Urrutia tem uma fala pausada, mas seu discurso desperta paixões. O desconhecido que se tornou candidato da oposição à presidência da Venezuela participou neste sábado do seu primeiro ato de massas.
O comício aconteceu na cidade de La Victoria, onde esse diplomata de carreira nasceu, há 74 anos. “Garanto uma transição pacífica”, prometeu, diante de milhares de pessoas.
González Urrutia foi designado pela coalizão Plataforma Unitária Democrática (PUD) como candidato único, após a inabilitação da favorita, María Corina Machado, e o veto à primeira opção dela para substituí-la, Corina Yoris.
“Todo mundo com Edmundo", diz o jingle da campanha. Vestida de branco, María Corina chega ao ato passando pelo meio do povo, o que já se tornou tradição. Todos querem tocá-la e beijá-la.
O calor é escaldante, mas ela não perde o sorriso. Depois de 10 minutos, a opositora chega ao palanque, sob aplausos.
- Dia histórico -
Enquanto María Corina recupera o fôlego, o acadêmico Edgar Benarroch, que cresceu com González, toma a palavra e analisa a difícil missão de derrubar Maduro, que busca o terceiro mandato.
"Temos que arrumar a casa para construir a Venezuela que queremos conquistar”, diz Benarroch. A cada pausa, a multidão clama por María Corina.
A opositora assume o microfone: “Este é um dia histórico, do qual iremos nos lembrar por toda a vida”, diz, com o brio que caracteriza seus discursos.
“Achavam que fossem tirar a nossa força, que fossem frustrar ou desmoralizar a nossa gente. E não, a única coisa que nos deram foram mais razões para lutar", afirma María Corina, aplaudida.
Chega a vez de González Urrutia, apresentado como o próximo presidente da Venezuela. Ele promete “um país onde o presidente não insulte” seus adversários, distanciando-se do estilo beligerante do chavismo, no poder há 25 anos.
“Um país onde, ao chegar em casa do trabalho, você saiba que o seu dinheiro tem valor. Que, ao acender o interruptor, haverá luz. Haverá água. Um país onde a saúde não esteja doente e a educação eduque. Um país sem presos políticos."
Os apoiadores presentes pediam em seus cartazes o fim dos cortes de luz e água e das filas para abastecer.
González já havia participado de um ato político em Caracas nesta semana, porém bem menor.
Paralelamente, o chavismo organizou uma passeata na mesma cidade, seguindo a estratégia de acompanhar María Corina. Diosdado Cabello, considerado o número dois do chavismo, chamou González de “fantoche”. “É o candidato dos que pediram sanções, bloqueios, invasões", provocou, no palanque.
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