Nove egípcios, acusados na Grécia de envolvimento em um dos naufrágios mais graves de migrantes no Mediterrâneo, foram absolvidos pela Justiça nesta terça-feira, no primeiro dia de julgamento.
"Os nove suspeitos foram absolvidos", afirmou a juíza do tribunal de Kalamata, sul da Grécia, depois de aceitar o argumento dos advogados de defesa de que o tribunal não poderia julgar o caso porque a tragédia ocorreu em águas internacionais.
Quase um ano depois do naufrágio da embarcação "Adriana", que deixou mais de 80 mortos e 600 desaparecidos, os nove processados, que alegavam inocência, foram julgados por supostamente terem "facilitado a entrada ilegal de migrantes" e "homicídio por negligência".
Os réus, que passaram 11 meses em prisão preventiva, também foram acusados de "integrar uma organização criminosa".
No julgamento, a defesa também argumentou que eles eram utilizados como bodes expiatórios para ocultar o fracasso do resgate da Guarda Costeira grega.
"Eu estava no hospital, havia acabado de sobreviver ao naufrágio e me vi como acusado [...] não sei o motivo", disse um dos réus.
Outro declarou no tribunal que pagou aos contrabandistas 150.000 liras egípcias (2.950 euros, 16.300 reais) para fazer uma viagem perigosa pelo Mediterrâneo que o levaria até a Itália.
"Vendi todos os meus bens para a viagem. Quero ajudar a minha família [...] Não sei o motivo de estar na prisão", afirmou um terceiro, que pediu a absolvição.
O antigo pesqueiro, que estava sobrecarregado, naufragou na noite de 13 de junho de 2023 em águas internacionais, perto da costa da Grécia, com mais de 750 pessoas a bordo.
Apenas 104 pessoas sobreviveram, incluindo os nove processados, e durante o resgate foram recuperados 82 corpos.
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