O cubo mágico soprando velinhas, já são 50 anos -  (crédito: Reprodução/Wikimedia commons)

O cubo mágico soprando velinhas, já são 50 anos

crédito: Reprodução/Wikimedia commons

Era um dia de primavera em 1974, em seu quarto repleto de papéis amassados e barbantes, quando Erno Rubik teve a ideia de juntar pequenos cubos de madeira. Mal sabia ele que esta invenção conquistaria o mundo.

 

É uma trajetória "incrível", diz o húngaro de 79 anos em entrevista à AFP no Instituto de Tecnologia Aquincum, em Budapeste, onde ocasionalmente dá palestras. 

 

Meio século depois, o cubo de Rubik é como o seu "filho prodígio": é "cansativo" segui-lo por todo o lado e sua "glória" eclipsa o pai, diz o discreto inventor que não está acostumado a dar entrevistas.

 

Rubik era um simples professor de arquitetura e desenho sem ambição de "deixar uma marca no mundo", explicou ele em um livro publicado em 2020. Mas sua curiosidade e interesse por quebra-cabeças e desafios geométricos levaram-no involuntariamente a outra dimensão. 

 

 

Após fazer inúmeros protótipos para encontrar o mecanismo ideal e passar dias tentando resolver o jogo, Erno Rubik registrou a patente em 1975.

 

Dois anos depois, o "Cubo Mágico" de 3x3x3, que mais tarde levaria o nome de seu criador, desembarcou nas lojas de brinquedos da Hungria antes de conquistar os Estados Unidos.

 

- 43 quintilhões de soluções -

 

Desde sua invenção, foram vendidos mais de 500 milhões de exemplares do cubo, sem contar as milhões de falsificações, contrariando os que previram o seu declínio na era das telas. 

 

"As novas gerações criaram um vínculo forte" com o cubo, comemora Erno Rubik ao manipular seu objeto de culto. 

 

No mundo digital "esquecemos como usar nossas mãos", "as nossas primeiras ferramentas", afirma o designer. O cubo nos leva de volta "às maravilhas do mundo real. Não apenas refletimos, fazemos algo concreto", acrescenta.

 

O cubo de Rubik fascina pelo número de caminhos possíveis para encontrar a ordem no caos: 43 quintilhões (43 e 18 zeros atrás). Seriam necessários "centenas, milhares de anos para esgotá-los", diz com entusiasmo o seu criador, que evoca também o "aspecto emocional" de resolver esta "obra de arte que é amada ou odiada".

 

Ao longo das décadas, Erno Rubik reuniu uma coleção de fotos com cerca de 1.500 capas de revistas em que sua invenção foi retratada, tornando-se um "símbolo de complexidade" para ilustrar problemas geopolíticos ou cenários eleitorais. 

 

O cubo também já foi protagonista de inúmeras competições, algumas baseadas na velocidade e outras mais inusitadas como resolvê-lo em um salto de paraquedas, com os pés, de cabeça para baixo ou às cegas, afirma o inventor.

 

É uma ferramenta educacional utilizada até mesmo em lares para idosos ou para ajudar pessoas com o espectro autista como Max Park, que detém o recorde mundial de 3,13 segundos com que resolve o cubo, longe do minuto que Erno Rubik precisou para resolvê-lo em 1980. 

 

Em 50 anos, o cubo permitiu ao professor húngaro "viver de forma independente toda a sua vida", sem problemas financeiros, e agora "paga a sua aposentadoria" vivida entre o seu país natal e a Espanha.

 

Ao ver os rostos das pessoas concentradas diante do cubo mágico e a alegria que sentem ao conseguir resolvê-lo, é tomado por uma "sensação muito agradável por ter conseguido fazer algo de bom para as pessoas", completa.