O presidente da França, Emmanuel Macron, viaja nesta quarta-feira (22) para o território francês da Nova Caledônia, em uma tentativa de apaziguar uma crise política após nove dias de distúrbios que deixaram seis mortos e centenas de feridos neste arquipélago no Pacífico.

Macron, que partiu do aeroporto de Paris-Orly na noite de terça, deve chegar à Nova Caledônia na noite de quarta ou no início de quinta-feira, quase um ano após sua última viagem a este território, em julho de 2023. 

O presidente planeja "ouvir, conversar e manter diálogos" com políticos e autoridades do arquipélago na tentativa de restaurar a ordem, disse à AFP em Paris um conselheiro presidencial sob anonimato.

Segundo ele, o mandatário francês quer "dar respostas às muitas perguntas legítimas" dos cidadãos deste território "tanto em termos de reconstrução como de política".

Uma reforma do censo eleitoral na Nova Caledônia, que o governo espera ser aprovada pelo Parlamento francês até ao final de junho, reavivou as tensões entre o povo indígena kanak, sobretudo pró-independência, e os habitantes leais à França. 

O país europeu também expressou preocupação com a interferência estrangeira na crise — acusando o Azerbaijão de provocar problemas — e o governo da Nova Caledônia declarou que impediu um ciberataque "sem precedentes" contra um fornecedor de internet local.

Esses distúrbios, os mais graves já registrados na Nova Caledônia desde os anos 1980, foram provocados pelo plano do governo francês de ampliar o direito de voto nas eleições provinciais àqueles que vivem no território há pelo menos 10 anos.

Muitos kanaks, que representam cerca de 40% da população, temem que esta reforma dilua sua influência nas instituições do arquipélago, mas os residentes que se opõem à independência querem que ela seja aprovada.

As autoridades francesas enviaram mais de mil soldados, bem como reforços policiais de Paris para tentar reprimir a violência, mas os motins continuam, embora tenham perdido intensidade.

Centenas de veículos, lojas e escolas foram incendiados nos distúrbios e quase 300 pessoas foram presas neste território de 270 mil habitantes, segundo um procurador de Noumea, Yves Dupas.

"Mentiram aos nossos antepassados, mentiram aos nossos mais velhos com os diferentes acordos que foram assinados (...) Estamos cansados de não sermos reconhecidos", declarou Yamel, um defensor da independência do arquipélago.

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