O governo da Colômbia declarou nesta quarta-feira (22) como "área arqueológica protegida" a zona onde jaz o galeão espanhol San José, afundado há mais de três séculos no mar do Caribe com um tesouro cujo valor é considerado incalculável.

"É a primeira vez que se declara uma área de patrimônio arqueológico submerso a tal profundidade, é histórico na América Latina", afirmou o ministro das Culturas, Juan David Correa, ao anunciar a decisão durante a apresentação da primeira etapa "não intrusiva" de uma expedição científica ao naufrágio.

Sob o nome "Rumo ao coração do galeão San José", a missão comandada pelos ministérios da Defesa e das Culturas, a Marinha e o Instituto Colombiano de Antropologia e História (Icanh) investigará e avaliará os destroços encontrados em 2015.

O San José naufragou em águas próximas a Cartagena, norte do país, em junho de 1708, após ser emboscado por um esquadrão inglês. Ele havia partido de Portobelo, no Panamá, carregado de vasos, jóias, pedras preciosas, ouro, prata e canhões, de um valor estimado em bilhões de dólares.

A declaração da zona arqueológica "garante a proteção do patrimônio através de sua preservação a longo prazo e o desenvolvimento de atividades de pesquisa, conservação e valorização", explicou o Ministério das Culturas em um comunicado.

Trata-se da "primeira área arqueológica protegida em ambientes marítimos" e uma das poucas no mundo em águas a 600 metros de profundidade, onde se encontram os restos da embarcação, de acordo com sua pasta.

A Colômbia já havia declarado o San José como bem de interesse cultural em 2022, o que definiu sua conservação com fins científicos e históricos, mas não comerciais.

Desde que foi localizado, o antigo navio tem sido objeto de disputas devido ao alto valor dos objetos a bordo.

A Espanha reivindicava o carregamento com base em uma convenção da Unesco da qual a Colômbia não faz parte. Índígenas bolivianos do povo Qhara Qhara alegavam que as riquezas foram extraídas de sua terra.

No entanto, o governo do esquerdista Gustavo Petro, no poder desde 2022, tem defendido retirar o naufrágio do oceano com recursos próprios para contribuir com a ciência e a cultura, à margem de controvérsias sobre a divisão da riqueza.

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