A Petrobras confirmou como sua nova presidente Magda Chambriard nesta sexta-feira (24), 10 dias após a demissão de Jean Paul Prates pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Petrobras "nomeou Magda Chambriard como conselheira de administração e a elegeu como nova presidente da companhia", informou um comunicado, acrescentando que assumiria ambos os cargos "imediatamente".
A engenheira de 66 anos será a segunda mulher a presidir a empresa estatal de capital aberto.
Também será a sexta presidente em menos de três anos da empresa sob controle estatal e com capitais privados, e enfrentará o desafio de ampliar a produção de petróleo no Brasil em paralelo à transição energética.
Não será sua estreia na companhia, na qual já exerceu várias funções desde 1980. Também dirigiu a Agência Nacional de Petróleo durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2016).
Chambriard deve buscar estabilidade na empresa em crise devido à demissão de Prates em 14 de maio, após semanas de rumores sobre sua possível saída.
Diferenças em assuntos estratégicos com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, motivaram sua demissão após menos de um ano e meio no cargo.
A gestão de Prates foi afetada especialmente por uma polêmica sobre o pagamento de dividendos extraordinários a acionistas.
O anúncio de sua saída despertou preocupação entre os investidores e o preço das ações preferenciais despencou 6,04% na Bolsa de São Paulo.
Nos três dias seguintes, a Petrobras perdeu 57,5 bilhões de reais em valor de mercado.
A empresa registrou um lucro líquido de 124,6 bilhões de reais em 2023, uma queda de 32,1% em relação a 2022, devido a redução dos preços do petróleo.
Ainda assim, foi o segundo ano mais lucrativo de sua história.
Após a nomeação de Chambriard, o preço das ações preferenciais e ordinários da estatal subiam em torno de 0,80% na bolsa paulista.
- Ampliar fronteira exploratória -
Economistas consultados pela AFP concordam que a expansão da fronteira exploratória da Margem Equatorial é um dos grandes desafios de Chambriard.
Estudos preliminares indicam que a região amazônica pode armazenar grandes quantidades de petróleo.
O assunto é sensível para o governo, que quer liderar a luta mundial contra a mudança climática.
Chambriard deverá "garantir que a Petrobras possa ter um horizonte de produção além dos próximos dez anos. Quer dizer, no longo prazo, até 2040, pelo menos", indicou Luis Eduardo Duque Dutra, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A curva de produção das reservas de pré-sal, a grandes profundidades marinhas, aumenta até 2034 e começa a cair nesse momento, explicou.
"Estamos falando de uma fronteira de expansão impressionante. Acho que é esse o adjetivo. É muito impressionante o potencial que essa fronteira de expansão pode ter", disse Mauro Rochlin, da Fundação Getúlio Vargas.
Possíveis descobertas poderiam dobrar a produção atual do Brasil de 3 milhões de barris por dia, disse Rochlin.
Especialistas apontam que a nova presidente da petroleira terá também de abordar outras questões relevantes como a manutenção da nova política de preços. Além disso, deve dar continuidade ao trabalho da gestão anterior em investimentos para a transição energética e em setores como o petroquímico.
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