Duas jovens ativistas latino-americanas advertiram, nesta sexta-feira (24), perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), sobre os impactos da mudança climática nos direitos das crianças e adolescentes, em uma sessão realizada em Brasília, que a presidente do tribunal considerou "histórica".
Em uma breve intervenção, Joselim, salvadorenha de 17 anos, e Camila, uma peruana de 14, disseram aos juízes que as emergências climáticas afetam de "forma diferente" as crianças, com consequências em seus direitos à saúde, educação, alimentação adequada e recreação.
"A situação climática não é mais um tema, é garantir uma vida melhor às próximas gerações, dignidade a nossas terras, a nosso ecossistema e a meninos, meninas e adolescentes do presente", afirmou Joselim, do Movimento Latino-Americano e do Caribe de Meninas, Meninos e Adolescentes Trabalhadores (MOLACNNATS, na sigla em espanhol).
A crise ambiental "afeta de maneira desproporcional a saúde" de milhões de crianças no planeta e pressiona as famílias a migrar, assinalou Camila, da Rede Latino-Americana e Caribenha de Meninas, Meninos e Adolescentes (REDNNyAs, na sigla em espanhol), que, assim como a outra jovem, não divulgou seu sobrenome.
Ambas as ativistas participaram da sessão especial da Corte IDH em Brasília, dedicada a ouvir governos e organizações da sociedade civil sobre a "Emergência Climática e os Direitos Humanos".
Em janeiro de 2023, Chile e Colômbia pediram à Corte IDH "esclarecer o alcance das obrigações" dos países "para responder à emergência climática no âmbito do direito internacional e dos direitos humanos".
Uma primeira sessão aconteceu em Barbados em abril, e outras acontecerão na próxima semana em Manaus, no Amazonas. O tribunal, com sede em San José, na Costa Rica, deve dar sua "opinião consultiva" no final do ano, disse uma fonte da Corte IDH à AFP.
Joselim sustentou que os jovens latino-americanos são "atores de mudança" nas discussões sobre a mudança climática e pediu aos governos promover "espaços de participação, consulta e diálogo reais".
"Queremos contribuir, decidir e opinar a partir de nossas realidades", afirmou.
A presidente da Corte, a costarricense Nancy Hernández López, elogiou a "participação histórica" das jovens.
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