As negociações entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para tentar retomar o acordo de 2015 foram suspensas após a morte do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, informou a agência da ONU. 

No dia seguinte à morte de Raisi em um acidente de helicóptero, em 19 de maio, “o Irã informou que, devido a ‘circunstâncias especiais’, não era apropriado continuar as discussões” e que uma nova data seria definida posteriormente, segundo um documento consultado pela AFP nesta segunda-feira (27). 

Ao retornar de uma viagem ao Irã no início de maio, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, pediu à República Islâmica que adotasse medidas "concretas e tangíveis" para "acelerar" as negociações sobre o seu programa nuclear.  

Mas a morte de Raisi e do seu ministro das Relações Exteruires, Hossein Amir-Abdollahian, complicou o cenário. 

"A situação atual é absolutamente insatisfatória. Estamos praticamente em um impasse (...) e isto tem de mudar", havia dito Grossi, antes da reunião do Conselho do BCE marcada para a próxima semana em Viena, capital austríaca. 

A AIEA é responsável por verificar se o programa nuclear iraniano tem fins civis.  

No relatório consultado pela AFP, Grossi reafirmou “ao novo governo iraniano o seu apelo e a sua vontade de continuar o diálogo de alto nível e o intercâmbio técnico”.  

Em um segundo documento, a agência da ONU oferece informações atualizadas sobre a escalada nuclear do país. As reservas de urânio enriquecido totalizaram 6.201,3 kg em 11 de maio (contra 5.525,5 kg em fevereiro), mais de 30 vezes o limite autorizado pelo acordo internacional de 2015. 

O Irã, que sustenta que o seu programa atômico tem fins civis, afastou-se gradualmente dos compromissos previstos no acordo, que procurava regular as suas atividades nucleares em troca do levantamento das sanções internacionais. 

O pacto perdeu validade após a retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o governo do republicano Donald Trump.  

Teerã também ultrapassou o limite de 3,67%, equivalente ao utilizado nas centrais nucleares para produzir eletricidade: tem 751,3 kg de urânio enriquecido a 20% (contra 712,2 kg três meses antes).  

No caso do limite de 60%, próximo dos 90% necessários para desenvolver uma arma atómica, Teerã aumentou as suas reservas para 142,1 kg (em comparação com os 121,5 kg anteriores). 

O material é suficiente para fabricar três bombas, segundo definição da AIEA.

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