A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira (27) que a petrolífera deve "acelerar" a exploração de novas reservas, incluindo na região próxima à foz do rio Amazonas, um projeto ao qual defensores do meio ambiente se opõem.

Em sua primeira coletiva de imprensa após sua nomeação na sexta-feira passada, Chambriard sublinhou que a gigante petrolífera atingirá seu pico produtivo por volta de 2030, quando começará a declinar.

"O esforço exploratório dessa empresa tem que ser mantido, tem que ser acelerado", disse, destacando que a exploração é "essencial" para a "sobrevivência" da empresa estatal de capital aberto.

"Para nós é essencial repor reservas. Isso significa que é essencial continuar explorando petróleo, principalmente na costa brasileira mais equatorial", afirmou Chambriard.

A nova presidente da Petrobras disse que entre as regiões a serem exploradas estão a bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul, mas também a "margem equatorial", no litoral do Amapá, limítrofe com a Guiana Francesa e que abriga a foz do Amazonas.

A exploração dessa região, próxima à Amazônia, que abriga a maior floresta tropical do mundo, não conta com a aprovação de todo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, manifestou-se contra, assim como várias organizações ambientalistas.

Além disso, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) recusou em maio do ano passado aprovar uma licença de exploração para a Petrobras nessa região, argumentando que a empresa não havia apresentado os estudos ambientais necessários.

Em contrapartida, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é muito favorável à exploração dessa zona, enfatizou Chambriard, que indicou que, se não houver um acordo, cabe ao presidente Lula "arbitrar".

Trata-se de um assunto sensível para Lula, que quer liderar a batalha mundial contra a mudança climática e que se comprometeu fortemente com a redução do desmatamento no Brasil.

Mas "temos que tomar muito cuidado com a reposição das reservas, a menos que a gente queira aceitar o fato de que podemos voltar a ser importadores, o que para mim está fora de cogitação", enfatizou.

Questionada sobre a relação entre as enchentes que devastaram o sul do Brasil e o aquecimento global, devido em grande parte, segundo os especialistas, aos combustíveis fósseis, Chambriard respondeu que seria "bastante injusto" colocar o desastre "na conta do pré-sal", os depósitos em grandes profundidades no subsolo marinho.

Chambriard, uma engenheira civil e química de 66 anos, foi nomeada em substituição a Jean Paul Prates, que foi destituído por Lula após uma polêmica sobre o pagamento de dividendos.

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