A Assembleia Nacional (Câmara Baixa) francesa impôs, nesta terça-feira (28), a máxima sanção possível a um deputado de esquerda radical, que mostrou uma bandeira palestina durante uma sessão de controle ao governo. 

Sébastien Delogu, do partido A França Insubmissa (LFI), provocou revolta no hemiciclo ao mostrar a bandeira palestina, enquanto um ministro respondia a uma pergunta de outra deputada esquerdista sobre o bombardeio israelense em Rafah, na Faixa de Gaza. 

A presidente da Assembleia, Yaël Braun-Pivet, suspendeu uma reunião e convocou a mesa diretora da Câmara Baixa, que decidiu exclui-lo durante 15 dias com os votos favoráveis do governismo, da direita e da extrema direita. 

A oposição de esquerda se opôs à sanção que inclui privar o deputado de seu subsídio parlamentar por dois meses. 

"Balançando uma bandeira palestina, o presidente [Emmanuel Macron] finalmente acordará e dirá que tem que deixar de vender armas" a Israel e pedirá "o reconhecimento do Estado da Palestina?", disse Delogu à imprensa após seu ato. 

O incidente ocorreu no mesmo dia em que três países europeus - Espanha, Irlanda e Noruega - reconheceram formalmente o Estado da Palestina como uma forma, de acordo com essas nações, de contribuir para a paz, passo que a França não deu, ao avaliar que ainda não é o momento. 

A aliança centrista de Macron está dividida sobre esse reconhecimento, que provoca a ira de Israel, e como mostra dessa indecisão, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, evitou responder à pergunta da deputada ecologista Cyrielle Châtelain sobre se daria esse passo "sim ou não". 

Em sua resposta, Attal acusou, no entanto, a parlamentar de não "pedir claramente" a "liberação" dos reféns nas mãos do movimento islamista palestino Hamas, embora Châtelain tenha começado sua intervenção pedindo tal libertação. 

O ataque mortal de 7 de outubro do Hamas em solo israelense e a sangrenta resposta de Israel na Faixa de Gaza desencadearam desde então as tensões na França, que conta com a maior comunidade judaica da Europa e milhões de muçulmanos. 

O último incidente acontece em plena campanha para as eleições para o Parlamento Europeu, previstas para 6 a 9 de junho. A situação em Gaza é um dos eixos de campanha para a LFI, que conta em sua lista de candidatos com a jurista franco-palestina Rima Hassan. 

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