A presidente do Peru, Dina Boluarte, se apresentou para depor, nesta terça-feira (28), perante promotores anticorrupção que a investigam pela desativação de uma unidade policial que fez uma batida em sua casa por conta do caso Rolexgate, em uma nova ação aberta por suposto abuso de autoridade. 

O interrogatório ocorreu reservadamente e se estendeu por quase três horas no Ministério Público de Lima. Boluarte se retirou do local com sua custódia policial e sem falar com a imprensa. 

Fora do prédio do MP, dezenas de manifestantes antigovernamentais exibiam cartazes pedindo "prisão para a usurpadora", em alusão à presidente. "No dia de hoje, (a presidente Boluarte) está vindo declarar mais uma mentira", disse à AFP Delfina Ramírez, uma manifestante de 72 anos. 

O Ministério Público investiga Boluarte de forma preliminar por abuso de autoridade e acobertamento pessoal. 

O advogado da presidente, Juan Carlos Portugal, afirmou que Boluarte respondeu a 50 perguntas de quatro procuradores.

"A presidente respondeu absolutamente tudo, embora muitas perguntas do Ministério Público fossem altamente capciosas e sugestivas", afirmou Portugal. 

O ex-ministro do Interior Walter Ortiz também é investigado pelo crime contra a administração de justiça por ordenar, em 9 de maio, a suspensão da equipe policial que apoiava o MP nas operações anti-corrupção contra altos funcionários.

O governo justificou a ação alegando que existia outra divisão policial que poderia exercer a mesma função. 

Boluarte também é investigada em outros casos, pelos quais foi denunciada ao Congresso como parte de um pré-julgamento político.

A denúncia mais recente foi entregue ao Parlamento nesta segunda-feira pelo procurador-geral, Carlos Villena, acusando Boluarte pelo suposto crime de suborno, no âmbito do escândalo de relógios de luxo conhecido como Rolexgate. 

Em novembro de 2023, Boluarte foi denunciada pelo suposto crime de homicídio, como tendo sido responsável pela repressão aos protestos, que deixaram mais de 50 mortos desde que assumiu o poder, em 7 de dezembro de 2022. 

A denúncia no Congresso é o passo anterior a um pré-julgamento político, que deve ser avaliado pelo Judiciário quando seu mandato terminar.

Boluarte, que completa 62 anos nesta sexta-feira, só pode ser julgada no final de seu mandato, em julho de 2026, segundo a Constituição do país. No Parlamento, controlado por bancadas de direita alinhadas a Boluarte, a denúncia deve ser avaliada por uma subcomissão de acusação constitucionais, antes de ser debatida em plenário, sem prazo determinado para a tramitação.

O Peru teve seis presidentes em apenas oito anos, em meio à pior instabilidade da história do país.

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