Os acionistas da gigante do petróleo americana ExxonMobil reelegeram, nesta quarta-feira (29), em uma assembleia-geral, todos os membros da diretoria da companhia, anunciou o grupo em uma declaração enviada à AFP.

"Nossos investidores enviaram uma mensagem poderosa (...) Seu voto ilustra a convicção de que estamos no caminho certo ao reeleger, por ampla maioria, nossos administradores e repudiar maciçamente as quatro resoluções que teriam dificultado nossa capacidade de criar valor no longo prazo", assinalou o grupo em declaração enviada à AFP.

A votação ocorreu depois que o grupo iniciou ações contra acionistas ativistas que solicitaram avanços na redução das emissões de gases de efeito estufa.

A ExxonMobil lançou duas ações contra grupos de acionistas - a ONG Follow This e a sociedade de investidores Arjuna Capital - que buscavam a aprovação de medidas para limitar as emissões de gases de efeito estufa.

As duas entidades retiraram sua postura, mas a empresa reivindica que paguem as custas legais.

As ações geraram críticas de acionistas importantes, como o fundo soberano da Noruega e o fundo de pensões dos funcionários públicos da Califórnia, o poderoso CalPERS.

O CalPERS qualificou as mudanças climáticas como "uma séria ameaça" para os investimentos de longo prazo, e argumentou que os litígios poderiam ter consequências "devastadoras" para a governança corporativa.

"Se a ExxonMobil tem sucesso em silenciar vozes e subverter as regras da democracia acionária, que outros assuntos os líderes das companhias tornarão inacessíveis? A segurança dos trabalhadores? O pagamento de seus executivos?", pergunta-se o fundo de pensões.

O CalPERS antecipou que votaria contra os 12 indicados para a diretoria. A decisão "enviará a mensagem de que nossas vozes não poderão ser silenciadas", acrescentou.

Se tivesse havido muitos votos contra os candidatos propostos pela ExxonMobil para ocupar os assentos de sua diretoria, isto poderia ser interpretado como um ressentimento dos acionistas com estas táticas de suas autoridades.

Mas os 12 candidatos à diretoria tiveram, em média, 95% dos votos (pouco menos que os 96% de 2023).

- Negócios e clima -

A queda de braço ocorreu depois que Arjuna e Follow This pediram uma votação em dezembro sobre um plano para que a petroleira reduzisse mais rapidamente suas emissões de gases de efeito estufa.

A ExxonMobil argumentou que a proposta era a mesma que foi rejeitada por quase 90% dos acionistas na reunião de 2023.

Estas ideias são "caras e leva tempo implementá-las", ressaltou a empresa, indicando, ao mesmo tempo, que a proposta "não melhora o desempenho econômico da ExxonMobil, nem cria valor para os acionistas".

Em sua ação, a empresa assinalava que o objetivo real dos proponentes é "forçar a ExxonMobil a mudar a natureza de seu negócio ou fechar".

Depois que a empresa se apresentou perante uma corte federal no Texas, em janeiro, Arjuna e Follow This retiraram sua proposta.

No entanto, a ExxonMobil perseverou no litígio.

Na semana passada, o juiz distrital Mark Pittman descartou o caso contra a Follow This, uma organização com sede nos Países Baixos, por carecer de jurisdição sobre o grupo. Mas permitiu que a ação continuasse contra a Arjuna.

Em carta enviada em 27 de maio para a ExxonMobil, a Arjuna, por meio de Natasha Lamb, membro de sua direção, repudiou as declarações da empresa sobre a proposta ambiental, e informou que o foco de sua companhia nas mudanças climáticas "é consistente com, e necessário para assegurar o sucesso financeiro futuro".

A executiva se comprometeu, de todo modo, a não apresentar novas propostas sobre as mudanças climáticas na Exxonmobil e espera que a petroleira retirasse sua ação.

Por volta das 13h de Brasília, as ações da ExxonMobil operavam em baixa de 1,46% na bolsa de Nova York.

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