Uma maré azul de centenas de milhares de fiéis evangélicos tomou nesta quinta-feira (30) as ruas de São Paulo na Marcha para Jesus, um evento com forte dimensão política, além do seu aspecto religioso.

Com os braços para o alto e olhos fechados, os participantes dançaram, cantaram e rezaram, vestindo camisetas azuis com o logotipo da 32ª edição da Marcha.

Uma grande bandeira de Israel foi levada pela multidão, um símbolo do forte apoio do movimento evangélico e ultraconservador do Brasil àquele país, em meio ao conflito com o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza.

A Marcha também aconteceu em meio ao aumento da tensão entre Israel e o governo do presidente Lula, que retirou ontem seu embaixador em Tel Aviv, que não será substituído.

O evento ganhou tons políticos nos últimos anos, com o crescimento da comunidade cristã evangélica brasileira, que se tornou cada vez mais influente, principalmente durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).

Na manhã de hoje, os fiéis deixaram o centro da cidade e se dirigiram a uma grande praça localizada cinco quilômetros ao norte, onde astros brasileiros do gospel fizeram um show durante toda a tarde.

"Isso é uma experiência! Quando a gente vem uma vez, não deixa mais de vir", disse a pastora Gislene Alves, 60.

A empresária Raimunda Gonçalves da Silva, 29, compareceu para rezar "pelas pessoas necessitadas, pelo Rio Grande do Sul e por Israel também".

Lula não participou da Marcha, mas enviou um representante do governo, e a presidência divulgou uma mensagem em seu nome: "Como cristão, sinto-me regozijado de ver a dimensão extraordinária que esse evento tomou e o papel significativo que ele desempenha na vida de muitos brasileiros."

O prefeito de direita de São Paulo, Ricardo Nunes, que buscará um novo mandato nas eleições de outubro, dirigiu-se aos fiéis: “Que essa marcha possa sair daqui para entrar em muitas casas. Estou muito feliz por estar aqui, eu amo Jesus Cristo, amo vocês", disse o aliado de Bolsonaro.

Os brasileiros evangélicos representam cerca de um terço dos 203 milhões de habitantes do país, mas alguns líderes religiosos afirmam que eles serão a maioria dentro de dez anos.

str-lg/ial/arm/lb