O líder trabalhista britânico, Keir Starmer, disse nesta sexta-feira (31) que Diane Abbott, uma figura da ala esquerda do partido, está “livre” para concorrer nas eleições legislativas de 4 de julho, depois de a deputada ter sugerido que havia sido impedida pela formação de disputá-las.

Abbott, a primeira mulher negra a servir na Câmara dos Comuns e próxima do ex-líder trabalhista, Jeremy Corbyn, em um partido que Starmer reorientou para uma posição mais centrista, declarou à BBC na quarta-feira que estava "proibida" de se apresentar como candidata desta legenda de oposição, grande favorita nas próximas eleições contra os conservadores no poder. 

Abbott “está livre para concorrer como candidata trabalhista”, disse Starmer a repórteres nesta sexta-feira.  

O caso levou a acusações de um "expurgo” contra a esquerda do Partido Trabalhista. Starmer elogiou a "pioneira", que "abriu caminho para outras pessoas entrarem na política e na vida pública". 

Abbott, de 70 anos, 37 deles como deputada por um distrito eleitoral do norte de Londres, foi suspensa pelo Partido Trabalhista em abril de 2023, depois de publicar uma carta no jornal The Observer na qual sugeria que judeus, irlandeses e pessoas com estilos de vida nômades são "sem dúvida vítimas de preconceito", mas "não sofreram racismo em suas vidas", diferentemente da comunidade negra. 

Em resposta às reações negativas, ela pediu desculpas e retirou seus comentários “completamente e sem reservas”. 

Abbott sugeriu na quarta-feira que ela poderia concorrer como independente se não fosse indicada pelo Partido Trabalhista. 

Após as declarações de Abbott à BBC na quarta-feira, figuras britânicas da comunidade negra pediram ao Partido Trabalhista, em uma carta aberta, que acabasse com o tratamento “desrespeitoso” à deputada. 

Starmer negou na quarta-feira que Abbott tenha sido excluído das listas eleitorais. 

O caso desta deputada próxima de Corbyn, defensor de uma corrente mais esquerdista e expulso do partido em 2020, acusado de semear o antissemitismo na formação, manchou o início da campanha trabalhista. 

As pesquisas mostram Starmer como claro favorito nas eleições e, caso se torne primeiro-ministro, vai colocar fim a catorze anos de governo conservador.

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