A liberdade de imprensa está se deteriorando no Equador e na Argentina devido à situação interna, segundo o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) publicado nesta sexta-feira (3), que alerta para o aumento global das pressões políticas contra o jornalismo.
A Noruega é o país onde os meios de comunicação possuem uma melhor situação, enquanto a Eritreia substituiu a Coreia do Norte como a pior nação para a liberdade de imprensa.
Na classificação da ONG, o Equador perde 30 posições e está em 110º, enquanto a Argentina retrocede 26 e está em 66º.
No Equador, "a crise política e o aumento do crime organizado perturbaram o funcionamento democrático", explica o texto.
"A situação é particularmente preocupante na Argentina após a chegada ao poder do presidente Javier Milei, cuja postura agressiva em relação ao jornalismo impede o pluralismo", acrescenta o relatório.
Confrontado com uma grande crise econômica, Milei anunciou em março o fechamento da agência pública de notícias Télam.
O Peru (125ª posição) também se destaca pela deterioração das condições para o exercício do jornalismo. "O país perdeu 48 posições em dois anos", segundo o relatório.
Na parte inferior da classificação, no continente americano, permanecem Cuba (168º), Nicarágua (163º) e Venezuela (156º), nações onde "o jornalismo está sujeito a uma censura baseada em decisões arbitrárias".
Em contrapartida, o cenário melhora no Chile, que subiu 31 postos para chegar à 52ª colocação, e no Brasil, com um subida de dez lugares, para a 82ª posição.
"A vontade política pode permitir melhores garantias" para a imprensa, segundo a diretora editorial da RSF, Anne Bocandé.
- Vulnerabilidade em Gaza -
A nível mundial, o relatório destaca que as condições para o exercício do jornalismo são ruins em 75% dos países.
Também denuncia particularmente "a ausência manifesta de vontade política da comunidade internacional para aplicar os princípios de proteção dos jornalistas" na guerra de Gaza.
Segundo a RSF, mais de uma centena de repórteres palestinos foram mortos naquele território pelo Exército israelense, pelo menos 22 dos quais enquanto exerciam sua profissão.
A ONG alerta ainda que os países oferecem menos proteção ao jornalismo se não agirem diretamente a favor da desinformação.
Também aponta para "uma deterioração preocupante no apoio e respeito à autonomia dos meios de comunicação" em 2024, que "é o maior ano eleitoral da história mundial".
Quase a metade da população global votará em eleições este ano, desde a Índia e os Estados Unidos ao México ou a Venezuela, o que suscita novas "pressões muito fortes".
É notável também o declínio do Afeganistão (26 postos, até a 178ª posição), Togo (-43, 113º lugar) e Burkina Faso (-28, 86º).
A Síria e a Eritreia são "dois países que se tornaram zonas sem lei para os meios de comunicação, com um número recorde de jornalistas detidos, desaparecidos ou sequestrados".
A classificação é realizada com base em "uma pesquisa quantitativa de abusos cometidos contra jornalistas", de um lado, e um "estudo qualitativo", do outro.
Este segundo tem como base as "respostas de centenas de especialistas em liberdade de imprensa (jornalistas, acadêmicos, defensores dos direitos humanos) a uma centena de perguntas".
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