Barreiras no Parlamento de Bruxelas: na Áustria, é uma ativista de 23 anos quem lidera a difícil batalha dos Verdes para as eleições europeias, buscando levar agora a "luta" ambiental para o coração das instituições.

Única mulher no meio de homens engravatados com mais do que o dobro de sua idade, Lena Schilling, com longos cabelos negros e cacheados, destaca-se com seu jeans, tênis e experiência como "zadista", o movimento em defesa do meio ambiente que ocupa áreas de projetos em grande escala.

De fato, foi ocupando com sucesso por mais de um ano, com o movimento Fridays For Future, uma reserva natural ameaçada pela construção de um túnel, que esta estudante de ciências políticas se tornou conhecida do grande público.

Uma vez que o projeto foi suspenso, foi natural aceitar o próximo passo: a proposta dos ambientalistas para importar para o Parlamento Europeu o engajamento dos ativistas climáticos.

"Me apresentar é dizer às pessoas: ei, a crise climática não vai desaparecer só porque vocês estão olhando para outro lado", explica a jovem de Viena à AFP neste parque de Lobau, com seu ecossistema ameaçado.

- Terreno minado -

Ter um assento entre os 705 eleitos no Parlamento Europeu em junho permitiria a ela defender o "Pacto Verde", negociado com dificuldade, que visa tornar o bloco neutro em carbono até 2050 e poderia ser diluído com a esperada ascensão dos partidos de extrema direita.

As questões climáticas, que monopolizaram o debate na última eleição de 2019, no rastro da mobilização da sueca Greta Thunberg, tornaram-se um terreno minado, em meio à fúria dos agricultores.

E como em toda a Europa, os ecologistas austríacos devem registrar resultados em queda: as pesquisas os creditam com apenas 9% das intenções de voto, contra 14% há cinco anos.

Assim, Lena Schilling opta por um discurso polido e mantém distância das ações de alguns militantes, como aqueles que se colam ao asfalto para impedir o tráfego de automóveis.

Um castigo para os cidadãos que não têm outro caminho para ir trabalhar, enquanto a ecologia, segundo ela, deve garantir a justiça social, "com os mais pobres sendo os mais afetados".

Mais painéis solares e turbinas eólicas, passagens de trem baratas para conectar as capitais europeias... ela apresenta um programa de campanha clássico, com a confiança de uma veterana da política.

Filha de uma assistente social e de um bancário, Lena Schilling diz ter sido criada em meio a debates políticos e não teme as críticas. Ela já publicou sua autobiografia.

- 'Escolha inteligente' -

"Eu aprendi cedo a me levantar contra as injustiças", diz ela, sem medo de argumentar com os líderes políticos experientes em entrevistas.

"Claro, é muito estressante ser constantemente desacreditada apenas por ser mulher", admite ela durante a campanha eleitoral. "E ao mesmo tempo, a raiva que isso desperta em mim me estimula", acrescenta a candidata que quer "mudar o mundo, um pouco" em nome de "todos os que protestam pelo clima".

Para o cientista político Thomas Hofer, "ela sabe como contornar as questões difíceis", uma "vantagem" para os Verdes, expostos por sua participação no governo desde 2020 ao lado dos conservadores.

Portanto, lançar um perfil "diferente" é uma "escolha inteligente", segundo o analista, para mobilizar um eleitorado desencantado com os compromissos do poder.

Schilling surge como uma alternativa à atmosfera "reacionária" observada em toda a UE, de acordo com o líder dos ecologistas, o vice-chanceler Werner Kogler.

Direitos das mulheres, luta contra o racismo e a homofobia, liberdade de imprensa e democracia: além da questão central do clima, Lena Schilling também quer defender esses temas.

O objetivo é lembrar que a Europa "também pertence aos jovens", diz a ministra do clima, Leonore Gewessler, dos Verdes.

Principalmente na Áustria, um dos poucos países do mundo onde se pode votar aos 16 anos.

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