Milhares de pessoas protestaram nesta terça-feira (14) na Geórgia depois que o Parlamento aprovou a polêmica lei de "influência estrangeira", uma norma que a União Europeia (UE) alertou que mina as aspirações do país de integrar o bloco.

Os legisladores aprovaram a lei por 84 votos a 30 em sua terceira leitura em uma sessão tensa que incluiu brigas entre os parlamentares do partido governista Sonho Georgiano e a oposição.

Do lado de fora do Parlamento, os manifestantes continuaram os protestos, ativos há mais de um mês, contra essa reforma que seus críticos afirmam ser semelhante a uma legislação usada na Rússia para silenciar a oposição.

Cerca de 2 mil manifestantes, a maioria jovens, se reuniram do lado de fora do Parlamento e entoaram gritos como "Não à lei russa".

Mais tarde, os manifestantes bloquearam o tráfego em um importante cruzamento no centro da capital, Tbilisi.

O Ministério do Interior informou que 13 manifestantes foram detidos por "desobedecer" à polícia.

A esposa do proeminente ativista da oposição David Katsarava denunciou que a polícia antidistúrbios o agrediu violentamente após sua detenção durante o protesto.

A UE alertou que esta lei é "incompatível" com as aspirações da Geórgia de integrar o bloco dos 27 e, antes da votação, um porta-voz europeu reiterou que este texto representa um "obstáculo".

- Advertências dos EUA -

Os Estados Unidos também criticaram a reforma e afirmaram que o país ainda pode "mudar de rumo".

"Nossa visão é que o governo georgiano precisa mudar de rumo", disse à imprensa Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado.

A Casa Branca também alertou que Washington poderia "reavaliar" seus laços com esse país do Cáucaso.

Washington tem alertado repetidamente sobre os efeitos da legislação, tanto que o principal diplomata dos EUA para a Europa, Jim O'Brien, visitou o país.

Patel referiu-se às pesquisas que mostram que mais de 80% dos georgianos são a favor de se unir à UE, que alertou que esta lei é "incompatível" com as aspirações da Geórgia de integrar o bloco dos 27.

A lei estipula que as ONGs e organizações de imprensa que recebem mais de 20% de seu financiamento do exterior devem se registrar como entidades que servem aos "interesses de uma potência estrangeira".

A presidente georgiana, Salome Zurabishvili - pró-Europa e em conflito com o partido governista -, prometeu vetar a lei, mas o partido tem votos suficientes para anular este procedimento.

"Esta lei rouba todo o meu futuro", disse à AFP Anano Plievi, um manifestante de 19 anos no protesto em frente ao Parlamento. "Estou com raiva e ao mesmo tempo orgulhoso de todas essas pessoas reunidas. Vamos continuar avançando em direção à Europa."

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