Brasil ou a candidatura conjunta da Alemanha, Bélgica e Países Baixos? A Fifa definirá nesta sexta-feira (17) a sede da Copa do Mundo feminina de 2027 em um congresso que será realizado em Bangkok, onde também será discutida pela primeira vez a guerra em Gaza, por iniciativa da Palestina.

Após a edição organizada em conjunto por Austrália e Nova Zelândia em 2023, vencida pela Espanha, a Copa do Mundo feminina poderia optar pelo Brasil e pousar pela primeira vez na América do Sul.

O Brasil, que revelou lendas do futebol feminino como Marta e Formiga, é considerado o favorito devido à sua melhor nota técnica (4.0/5 contra 3.7/5), segundo especialistas da entidade.

O relatório de avaliação destacou os benefícios "prodigiosos" que a realização da competição na América do Sul teria para o futebol feminino.

O dossiê brasileiro inclui dez estádios que já foram utilizados na Copa do Mundo masculina de 2014, incluindo o Maracanã, onde seriam disputados o jogo de abertura e a final. Alguns precisariam de trabalhos de renovação, especialmente a Arena da Amazônia, em Manaus, um 'elefante branco' de pouco uso há dez anos.

A candidatura brasileira enfrenta a crise institucional latente no país, com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, sendo destituído em dezembro e retornando ao cargo em janeiro, em ambas as ocasiões por decisão judicial.

- Reforçar a luta contra o racismo -

As suspeitas de interferência do Estado levaram à ameaça de sanções por parte da Fifa e da Conmebol.

A candidatura europeia da Bélgica, Alemanha e Países Baixos propõe um torneio mais compacto, enfatizando que a pegada de carbono seria reduzida devido às conexões ferroviárias entre cada sede.

Mas a Alemanha já recebeu o torneio, como única anfitriã, em 2011, e a recente realização de uma edição na Europa - na França em 2019 - poderia esfriar as aspirações do trio devido ao princípio de rotação entre continentes.

O Signal Iduna Park de Dortmund e o Johan Cruyff Arena de Amsterdã são os estádios candidatos a sediar a final.

Na disputa inicial para receber a Copa feminina de 2027, México e Estados Unidos, que receberão a competição masculina em 2026 em conjunto com o Canadá, retiraram em abril sua candidatura comum para se concentrarem na edição de 2031.

O 74º Congresso da Fifa, o primeiro organizado em Bangkok, a capital da Tailândia, um país apaixonado pelo futebol, também discutirá o racismo.

- A situação em Gaza, em debate -

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, é a favor de adotar sanções mais severas, como punir com a derrota a equipe responsável no caso de ter que interromper definitivamente a partida.

O Congresso também abordará o conflito na Faixa de Gaza, a pedido da Federação Palestina (PFA), que pede sanções contra os times israelenses devido às "violações graves dos direitos humanos cometidas por Israel", segundo um e-mail enviado em meados de março.

A proposta provocará o primeiro debate dentro de uma grande organização esportiva sobre as consequências da guerra que começou em 7 de outubro após um ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) não tratou do conflito, com base na coexistência desde 1995 dos comitês olímpicos nacionais israelense e palestino, uma solução de "dois Estados" herdeira do processo de paz de Oslo e também adotada pela Fifa desde 1998.

A PFA denuncia uma série de violações dos estatutos da Fifa pela Federação Israelense (IFA), que vão desde as consequências diretas dos bombardeios em seu território - "pelo menos 92 jogadores de futebol mortos" em meados de março e todas as infraestruturas esportivas de Gaza destruídas - até a falta de um esforço sério contra "a discriminação e o racismo" anti-palestinos.

Este ponto da agenda não será submetido a votação, esclareceu a Fifa.

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