O líder supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, que vive recluso em Kandahar, no sul do Afeganistão, fez uma visita incomum à capital Cabul para se reunir com autoridades, informou o governo nesta sexta-feira (17).

Akhundzada fez um discurso para 34 governantes provinciais no Ministério do Interior na quinta-feira, informou o site talibã Al Emarah.

Durante sua visita, realizada em meio a grande sigilo, o líder insistiu aos governadores que devem estabelecer a religião como uma prioridade e "promover a fé e a oração entre a população".

Destacou ainda que a "obediência é uma obrigação divina" e afirmou que a aplicação da lei e os princípios da sharia [lei] islâmica "devem prevalecer sobre os interesses pessoais".

O líder dos talibãs raramente aparece em público e só se conhece uma foto sua. Ele governa o país por decreto a partir de Kandahar, enquanto o governo talibã tem sede em Cabul. 

O motivo da visita possivelmente visava "reforçar a disciplina interna e a unidade", declarou um diplomata ocidental à AFP, que sinalizou que este deslocamento pode estar relacionado aos recentes conflitos no Badaquistão, no leste do país.

Várias testemunhas relataram que as forças talibãs abriram fogo para dispersar habitantes locais que protestavam contra a erradicação dos campos de papoulas, utilizados para produzir ópio, depois de Akhundzada ter proibido o seu cultivo em 2022. Diversas pessoas morreram nos confrontos, informou um oficial talibã.

As autoridades afegãs também reprimiram manifestações de nômades na província de Nangarhar.

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