O governo britânico anunciou, nesta terça-feira (21), no Parlamento, seu plano para recompensar as vítimas do escândalo de transfusões com sangue contaminado, indicando que os primeiros atingidos serão indenizados no final do ano. 

Após a publicação, na segunda-feira, de um relatório condenando as autoridades por esse escândalo, que deixou entre as décadas de 1970 e 1990 cerca de 3.000 mortos, o primeiro-ministro conservador Rishi Sunak apresentou suas desculpas oficiais e prometeu uma "compensação completa" para as vítimas. 

"Qualquer que seja o custo" da compensação às vítimas "o pagaremos", prometeu Sunak. 

Milhares de pessoas que sofriam com hemofilia ou haviam sido submetidas a operações cirúrgicas se contaminaram naquela época com hepatite C e HIV, depois de transfusões de sangue. 

Ao explicar o sistema de indenizações aos deputados, o secretário de Estado John Glen anunciou que as recompensas começariam a ser pagas "antes do fim do ano". 

Glen informou que o governo realizará novos pagamentos provisórios de 210.000 libras (1,3 milhão de reais) e reconheceu que as vítimas "morrem toda semana" e podem temer não serem indenizadas a tempo. 

Algumas vítimas já receberam uma indenização inicial de 100.000 libras (648 mil reais) em 2022, após a publicação de um primeiro relatório. 

Os parentes das vítimas que cuidaram de um ente querido infectado também terão direito à indenização, disse o secretário de Estado. O custo total não foi divulgado, mas a imprensa britânica fala de um orçamento de 10 bilhões de libras (64,8 bilhões de reais). 

Devido à escassez de sangue, o serviço público de saúde, o NHS (National Health Service), recorreu na época a fornecedores americanos que pagaram seus doadores, que incluíam prisioneiros e membros de outros grupos com risco significativo de infecção. 

“A escala do que aconteceu é aterrorizante”, disse na segunda-feira um inquérito público independente de mais de 2.500 páginas, que vasculha milhares de testemunhos e documentos que provam que “a verdade foi escondida por décadas”. 

O drama “poderia ter sido amplamente evitado”, disse no relatório, que levou sete anos para ser produzido, o ex-juiz Brian Langstaff, que liderou a investigação. 

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