O presidente Volodimir Zelensky assegurou nesta terça-feira (21) que o Exército ucraniano estava obtendo resultados "tangíveis" para contrapor a ofensiva lançada pelas tropas russas em 10 de maio na província de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia.

"Na província de Kharkiv, nossas forças estão destruindo o ocupante, os resultados são tangíveis", declarou o mandatário ucraniano em seu relato vespertino diário.

Desde o início de sua ofensiva, as forças russas conseguiram ocupar várias localidades nesta área fronteiriça com a Rússia e forçaram a Ucrânia, que sofre com a falta de recursos, a enviar reforços.

Zelensky afirmou na semana passada que poderia se tratar da "primeira onda" de uma ofensiva mais ampla, especialmente para se apoderar de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o objetivo era criar uma "zona de segurança" em território ucraniano para pôr fim aos bombardeios das áreas russas fronteiriças.

O porta-voz das forças ucranianas em Kharkiv, Nazar Voloshin, afirmou nesta terça-feira que a Ucrânia tinha conseguido "estabilizar a situação nesse lugar, especialmente na cidade de Vovchansk", no epicentro atual dos combates.

"Os combates continuam no norte da cidade de Vovchansk e no setor de Starytsia. A situação está sob controle", indicou, por sua vez, o Estado-Maior ucraniano.

Zelensky indicou em seu informe diário que combates difíceis continuavam sendo travados no leste do país, na província de Donetsk.

Segundo o Estado-Maior ucraniano, o Exército russo mantém um "alto nível de intensidade" no setor de Pokrovsk e realizou, no dia 27, tentativas de romper as defesas ucranianas.

- Ucrânia propõe ao ocidente derrubar mísseis -

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, propôs nesta terça que os aliados ocidentais de Kiev derrubassem a partir de seus territórios os mísseis lançados pela Rússia contra seu país.

"Não existe nenhum argumento legal, de segurança ou moral que impeça nossos parceiros de abater mísseis russos sobre o território da Ucrânia a partir do seu território", afirmou Kuleba durante uma coletiva de imprensa junto de sua contraparte alemã, Annalena Baerbock.

No início da invasão russa da Ucrânia, ao final de fevereiro de 2022, Kiev já havia pedido aos Estados ocidentais que lhe ajudassem a derrubar à distância os mísseis russos em território ucraniano, mas seus aliados responderam que o risco de escalada do conflito era grande demais.

Kuleba descartou este argumento nesta terça, alegando que, derrubando mísseis, não se coloca em perigo nem a Rússia nem os soldados russos. São "pedaços de metal que transportam a morte da Rússia para a Ucrânia", ressaltou.

"Se não querem fazê-lo, nos deem os meios necessários. Nós os posicionaremos em território da Ucrânia e interceptaremos esses mísseis nós mesmos", concluiu.

Baerbock, por sua vez, insistiu na necessidade de fornecer rapidamente mais meios antiaéreos a Kiev.

"Cada vacilação e cada atraso no apoio à Ucrânia ceifa a vida de inocentes. E cada vacilação na hora de apoiar a Ucrânia coloca igualmente em perigo a nossa própria segurança", declarou Baerbock. 

Segundo a ministra, o presidente russo Vladimir Putin "não conhece nenhum limite" e empreendeu uma campanha de "destruição" do país, por exemplo bombardeando sem descanso a rede elétrica ucraniana, apontou.

- Rússia inicia exercícios nucleares táticos -

A Rússia, por sua vez, anunciou nesta terça-feira o início de exercícios com armas nucleares táticas perto da Ucrânia, e assegurou que se trata de uma resposta às "ameaças" dos países do Ocidente.

"A primeira fase dos exercícios [...] sobre a preparação e o uso de armas nucleares não estratégicas começou", indicou o Ministério da Defesa russo em comunicado.

Putin havia anunciado no início do mês que planejava realizar esses exercícios, em resposta às declarações de dirigentes dos países do ocidente sobre a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia.

Essas manobras, que se desenvolvem no distrito militar do sul, fronteiriço com a Ucrânia, se propõem a verificar a "disponibilidade" das "armas nucleares não estratégicas [...], para garantir a integridade territorial e a soberania do Estado russo", indicou o Ministério da Defesa em comunicado.

A pasta acrescentou que eram uma "resposta às declarações provocadoras e ameaças de certos funcionários ocidentais". 

Segundo o Ministério, durante esta fase, os soldados russos estão praticando o carregamento de "munição especial" em baterias de mísseis Iskander, bem como seu transporte "de forma oculta" às áreas de tiro. 

Os exercícios também contam com participação da força aérea e de mísseis hipersônicos Kinjal, de acordo com a mesma fonte.

Desde o início do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, Putin colocou várias vezes sobre a mesa a possibilidade de recorrer a armas nucleares.

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