Familiares das vítimas de um ataque a tiros em uma escola do Texas, onde morreram 19 alunos, duas professoras e o atirador, processaram a empresa matriz do Instagram, uma distribuidora de jogos eletrônicos e um fabricante de armas por considerá-los responsáveis pelos fatos.

A ação por "morte por negligência" foi apresentada nesta sexta-feira (24) pelo advogado das famílias, Josh Koskoff, quando completam dois anos do incidente em que um jovem, que mal havia atingido a maioridade, invadiu a escola primária Robb de Uvalde, no sul dos Estados Unidos, armado com um rifle de assalto.

Ele assassinou 19 crianças de entre 9 e 10 anos, e duas professoras de 44 e 48 anos, antes de ser abatido pelas forças de segurança, 77 minutos depois.

As empresas processadas são Meta, matriz da rede social Instagram; Activision, distribuidora de games como "Call of Duty"; e Daniel Defense, fabricante do rifle AR-15 utilizado pelo atirador.

"Existe um vínculo direto entre a conduta dessas empresas e o ataque a tiros em Uvalde [...] Este monstro de três cabeças expôs [o agressor] deliberadamente à arma, o condicionou a vê-la como uma ferramenta para resolver seus problemas e o treinou para usá-la", detalhou Koskoff.

De acordo com uma nota do escritório de Koskoff, o game "Call of Duty", do qual o atirador era usuário, "treina virtualmente para matar", "insensibiliza" e "recompensa" os jogadores. "Embora o assassinato seja virtual", as armas "imitam perfeitamente" as reais.

Além disso, a nota detalha que, "no Instagram, o atirador era cortejado através de um marketing explícito e agressivo", enquanto a Daniel Defense "utilizou o Instagram para enaltecer o uso ilegal e assassino de suas armas".

As ações contra Meta e Activision foram feitas em tribunais da Califórnia, enquanto a fabricante de armas foi processada em Uvalde, no Texas.

Através de um porta-voz, a companhia Activision disse à AFP que o ataque em Uvalde foi "horrendo e doloroso", mas "milhões de pessoas em todo o mundo desfrutam dos jogos eletrônicos sem recorrer a atos horríveis".

Por sua vez, Meta e Daniel Defense não estavam imediatamente disponíveis para responder.

No início desta semana, as famílias chegaram a um acordo de indenização de 2 milhões de dólares (cerca de R$ 10 milhões) com a cidade de Uvalde, como compensação pelo que o Departamento de Justiça chamou de "falhas críticas" da polícia da cidade ao responder à ocorrência. Koskoff já havia adiantado que processariam agentes do Texas que demoraram a reagir.

Os ataques a tiros em escolas se tornaram comuns em um país onde cerca de um terço dos adultos possui uma arma de fogo e os regulamentos para a compra, até mesmo de rifles potentes de estilo militar, são frouxos.

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