Os moradores de Rafah relataram intensos bombardeios e disparos nesta quinta-feira (30) nesta cidade do sul da Faixa de Gaza, depois de Israel ter anunciado que assumiu o controle do corredor estratégico que separa este território palestino do Egito. 

Israel lançou uma ofensiva em Rafah no início de maio, apesar da oposição da comunidade internacional, que expressou preocupação com os civis palestinos deslocados dos combates e abrigados nesta extremidade do território. 

Um bombardeio israelense contra um campo de deslocados de Rafah no fim de semana, que causou um incêndio que deixou 45 mortos, gerou uma onda de condenação internacional. 

Uma imagem gerada por inteligência artificial (IA) com a legenda "All Eyes on Rafah" ("Todos os olhos voltados para Rafah", em tradução livre) foi compartilhada por dezenas de milhões de pessoas na Internet.

Israel prometeu “aniquilar” o movimento palestino Hamas, que governa Gaza e lançou um ataque mortal ao território israelense em 7 de outubro. 

O Exército israelense afirmou na quarta-feira que as suas forças assumiram o controle do estratégico corredor Filadélfia, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito. 

O porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, anunciou que as tropas encontraram “cerca de 20 túneis” nesta região. 

“O corredor Filadélfia era um balão de oxigênio para o Hamas, que o utilizava regularmente para transportar armas para Gaza”, disse Hagari.

O Egito, que é um mediador-chave no conflito e é cada vez mais crítico das operações militares israelenses, rejeitou as alegações de que havia túneis de contrabando ativos na área.

“Israel usa essas acusações para justificar a continuação das operações na cidade palestina de Rafah e seguir a guerra para fins políticos”, disse um alto funcionário egípcio ao Al-Qahera News, ligado aos serviços de segurança do país. 

O presidente egípcio, Abdel Fattah al Sissi, instou a China a aumentar a assistência humanitária a Gaza, que está sob cerco israelense quase desde o início do conflito, e fez um apelo à comunidade internacional para garantir que os palestinos não sejam deslocados à força. 

O presidente da China, Xi Jinping, afirmou nesta quinta-feira que “apoia uma conferência de paz internacional ampla, autoritária e eficaz” para resolver o conflito, em um encontro com líderes árabes em Pequim, que incluiu o líder egípcio.

- Projeto de resolução para um cessar-fogo - 

No centro e oeste de Rafah, várias testemunhas relataram combates e cinco pessoas foram mortas em um bombardeio perto de um armazém de ajuda humanitária no leste da cidade. Além disso, vários moradores alegaram que o Exército israelense demoliu edifícios no leste de Rafah. 

Antes de Israel lançar a sua ofensiva sobre Rafah, a ONU estimava que havia cerca de 1,4 milhão de pessoas na cidade e desde então acredita que um milhão tenha fugido da cidade.

Após o bombardeio mortal israelense de Rafah, no fim de semana, a Argélia apresentou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU que "exige um cessar-fogo imediato respeitado por todas as partes" e a libertação de todos os reféns.

Israel argumenta que a operação teve como alvo um complexo do Hamas e que dois líderes importantes do movimento foram mortos no ataque.

- "Linhas vermelhas" -

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos do Hamas mataram 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

Os milicianos também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 continuam sequestradas em Gaza, das quais 37 teriam morrido. 

A ofensiva israelense deixou 36.224 mortos em Gaza, informou nesta quinta-feira o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, território governado pelo Hamas.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, instaram Israel a abster-se de lançar uma invasão em grande escala em Rafah devido ao risco que representa para os civis, mas a Casa Branca disse que não considera que as "linhas vermelhas" estabelecidas pelo presidente americano, Joe Biden, tenham sido ultrapassadas.

Um assessor de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, disse na quarta-feira que a guerra pode durar até o final do ano. 

“Podemos ter mais sete meses de combates para consolidar o nosso sucesso e alcançar o que definimos como a destruição do poder e das capacidades militares do Hamas”, disse Hanegbi.

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