A inflação na zona do euro registrou uma aceleração superior à prevista de 2,6% na comparação anual em maio, segundo dados publicados nesta sexta-feira (31), uma tendência que pressiona o Banco Central Europeu (BCE), que deverá reduzir as taxas de juros na próxima semana.
Segundo dados da agência europeia de estatísticas, Eurostat, a inflação subjacente – que exclui energia e produtos alimentares – passou de 2,7% em abril para 2,9% em maio.
Analistas das consultorias FactSet e Bloomberg projetavam que a inflação de maio seria de 2,5%, com uma inflação subjacente estável.
O setor dos serviços passou de um índice de 3,7% em abril para um nível de 4,1% em maio, com uma recuperação significativa de 0,4 ponto percentual.
Por outro lado, os alimentos (que são medidos em conjunto com o tabaco e as bebidas alcoólicas) registraram uma inflação de 2,6% em maio, enquanto em abril se situavam em 2,8%.
Entre as principais economias da zona do euro, a Alemanha apresentou inflação de 2,8% em maio, face aos 2,4% anteriores. A França, por sua vez, registrou 2,7%, contra 2,4% em abril.
A Itália registrou uma ligeira queda da inflação, para 0,8%, que em abril havia sido estimada em 0,9%.
Já na Espanha, o Eurostat mediu uma inflação de 3,8% em maio, contra um índice de 3,4% verificado em abril.
A inflação mais alta de maio foi registada na Bélgica, em 4,9%, estável em relação ao mês anterior.
- BCE sob pressão -
A inflação em maio ficou acima da meta adotada pelo Banco Central Europeu (BCE), de um índice em torno de 2%.
Em meados de 2022, para conter um surto inflacionário, o BCE começou a aumentar as suas taxas de juros de referência. Na reunião de política monetária do emissor do euro, em 6 de junho, a instituição deverá reduzir as taxas.
Para Riccardo Marcelli, da consultoria Oxford Economics, os dados de inflação de maio "foram impulsionados por fatores temporários e não significam que o processo deflacionário tenha parado".
O especialista observou que "o aumento temporário da inflação não impedirá o corte das taxas de juros em junho. Mas o Banco Central Europeu será cauteloso e é pouco provável que baixe as taxas de juros na reunião de julho".
Bert Colijn, economista sênior do banco ING, observou que enquanto o BCE se prepara para "decidir sobre um corte histórico nas taxas", o resultado de maio "aumenta as dúvidas sobre a trajetória futura da inflação".
"A inflação subjacente parece prestes a desacelerar novamente, mas a questão é em que ritmo?", indicou.
Nesse cenário, "as perspectivas salariais são suficientemente promissoras para reduzir as taxas pela primeira vez desde 2019 na próxima semana", disse.
Para Colijn, "a questão permanece: quantos cortes podem ocorrer?".
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