Os palestinos que foram forçados a fugir do campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, por causa dos combates entre Israel e o Hamas, estão vagando "chocados" e "perdidos" pelas ruas transformadas em ruínas, em busca de vestígios de seus pertences e de suas vidas.
O Exército israelense bombardeou intensamente o setor nas últimas semanas. E, em janeiro, alegou tê-lo tomado do Hamas.
"Fiquei chocado com a magnitude da destruição dessa última agressão contra o campo de Jabalia", disse à AFP Mohammad Al Najjar, que não conseguiu encontrar sua casa.
"Todas as casas estão em ruínas. Estamos perdidos, não sabemos nem mesmo onde estão nossas casas em meio a essa destruição maciça", acrescenta o homem de 33 anos.
Nos últimos dias, os correspondentes da AFP viram vários palestinos retornando a esse campo no norte do território sitiado, tentando encontrar suas casas e salvar o que ainda restava.
Homens, mulheres e crianças caminhavam em meio a ruas e prédios destruídos. As famílias colocavam colchões e papelão em carroças de burro, enquanto outras carregavam seus pertences nos ombros.
Apesar da escala da destruição, Al Najjar diz que as pessoas querem voltar para casa.
"As pessoas estão determinadas a montar barracas e abrigos improvisados nos escombros", embora muitos temam que o Exército israelense retorne "uma segunda ou terceira vez".
"Mas ficaremos em nossas terras. Não temos outro lugar" para ir, continua ele.
- 'Eliminados do mapa' -
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos do Hamas mataram 1.189 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os milicianos também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 continuam em Gaza, das quais 37 teriam morrido.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre que, até agora, deixa 36.379 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino.
No mês passado, o Exército israelense disse que os combates em Jabalia foram "talvez os mais ferozes" desde o início da guerra.
O Exército encontrou os corpos de sete reféns em Jabalia em maio. Os combates recomeçaram quando o Exército israelense assumiu o controle da passagem de fronteira de Rafah com o Egito, no extremo sul do território palestino.
O Exército afirmou na sexta-feira que seus soldados haviam "concluído sua missão" no leste de Jabalia.
Mas Al Najjar ainda ouve tiros e artilharia no leste.
"Não há uma única casa que não tenha sido alvo do Exército de ocupação israelense", disse à AFP Mahmoud Asaliyah, 50 anos, que também retornou a Jabalia e encontrou sua casa em ruínas.
"Os pilares de concreto caíram, as paredes foram destruídas, os móveis [...] foram queimados e destruídos", descreve o homem de 50 anos.
"Jabalia foi varrida do mapa", diz Suad Abu Salah, natural dessa localidade. "Queremos viver como as outras pessoas neste mundo", lamenta a mulher de 47 anos.
"Temos que encontrar uma solução para essa guerra para que possamos viver em paz", acrescenta.
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