Durante o desembarque na Normandia, em 6 de junho de 1944, os Aliados contaram com os "funnies", tanques que foram modificados e receberam um novo visual, às vezes com carrocerias estranhas, mas que desempenharam um importante papel.

A transformação desses veículos blindados clássicos - tanques Churchill britânicos e Shermans americanos - e sua adaptação às dificuldades do terreno e ao ataque a uma posição fortificada foram o resultado da imaginação fértil de um engenheiro militar britânico, o general Percy Hobart, e de sua equipe.

Entre eles, havia os "Caranguejos" equipados com um mangual para explodir minas, "Crocodilos" com potentes lança-chamas, "Bobbins" com bobinas de tapetes de lona que podiam ser colocados na areia e tanques anfíbios "DD"... No total, cerca de 500 a 600 dessas estranhas máquinas foram utilizadas no ataque do Dia D.

- A lição de Dieppe -

Em agosto de 1942, a 'Operação Jubileu', uma tentativa de desembarque das tropas aliadas no porto de Dieppe, foi um fiasco total, com perdas humanas e materiais consideráveis. Vinte e cinco por cento das tropas canadenses morreram.

Para os aliados, essa foi a prova de que era necessário fornecer apoio de artilharia para as primeiras ondas de ataque da infantaria.

Sob a liderança do general marechal de campo Erwin Rommel, os alemães ergueram vários obstáculos. O objetivo era desenvolver veículos blindados capazes de destruí-los e, ao mesmo tempo, manter suas capacidades de combate.

- Um resultado 'divertido' -

Como seria possível imaginar tanques mais móveis e com maior poder de fogo? Como parte da 'Operação Overlord', a tarefa foi confiada ao engenheiro britânico Hobart, que em abril de 1943 foi responsável por colocar a 79ª Divisão Blindada em condições operacionais.

O general e sua equipe trabalharam em uma série de modificações estruturais e acréscimos aos tanques existentes. No final, eles criaram uma série de tanques com carrocerias estranhas e bastante divertidas. Inicialmente, eles causaram espanto e, às vezes, até zombaria, daí o nome "funnies" (engraçados, em inglês), ou "clowns" (palhaços).

Entre eles estão o "Avre", acrônimo em inglês para "Veículo Blindado dos Engenheiros Reais", equipado com um morteiro para destruir bunkers alemães e estruturas defensivas feitas de aço e concreto, o "Bobbins", cuja bobina com uma lona facilita o avanço da infantaria e dos veículos sobre a areia, e o "Fascine", usado para preencher valas antitanque com estacas de madeira.

Sem esquecer o "DD" (Duplex Drive), um tanque anfíbio com saia impermeável e hélices de propulsão, o tanque de remoção de minas "Caranguejo", com suas correntes que arrastam o solo e detonam minas, e o "Ark", que pode criar pontes usando seu próprio chassi.

- Salvaram muitas vidas -

Nesses souvenirs da guerra, o general Eisenhower, futuro presidente dos Estados Unidos, saudaria o "sucesso das invenções mecânicas que utilizamos".

"O papel dos funnies não foi decisivo, mas é inegável que a presença dos blindados na praia salvou uma quantidades considerável de vidas", explica à AFP Adrien Guinebault, curadora do Museu dos blindados de Saumur. "Sem eles, um desembarque clássico teria sido muito mais sangrento".

Os "funnies de Hobart", também utilizados durante o Desembarque da Provença em agosto de 1944 e nas operações no Reno, são considerados como os precursores dos veículos militares modernos especializados.

frd/maj/dd/am