A Procuradoria da Venezuela ordenou a prisão de quatro pessoas, supostamente vinculadas à morte de um jovem queimado durante os protestos oposicionistas de 2017. Também reiterou seu pedido à Espanha para extraditar o principal suspeito desse assassinato.

Orlando Figuera morreu em 3 de junho de 2017, aos 21 anos. Ele foi esfaqueado, encharcado com gasolina e incendiado durante uma manifestação contra o governo de Nicolás Maduro em 20 de maio, em Caracas. Sofreu queimaduras em 80% do corpo. O governo afirma que ele foi linchado após ser acusado de ser chavista e classifica o fato como um "crime de ódio".

A Procuradoria, "após uma revisão exaustiva do caso, determinou que, antes do ocorrido, a vítima também havia tido altercações com pessoas que estavam naquela área cometendo atos delituosos", disse o procurador-geral, Tarek William Saab, em uma coletiva de imprensa.

"Solicitamos novas ordens de prisão" contra Ángel Sucre, Kleiver Hernández, Yuber Rodríguez e Elio Carrasquel, detalhou.

Há uma quinta pessoa, apelidada de "El Malandrín", que está em processo de identificação e que foi "apontada pela vítima [...] como uma das pessoas que lhe desferiu uma facada [...] que depois causou sua morte".

Saab disse ainda que as autoridades insistirão no pedido de extradição da Espanha de Enzo Franchini, suspeito de iniciar o fogo no corpo da vítima.

Franchini chegou a ser preso na Espanha por uma notificação vermelha da Interpol e, após aprovada sua extradição, foi introduzido um recurso para revertê-la por temor de que seus direitos humanos fossem violados, relatou Saab.

"E os direitos humanos de Orlando Figuera? [...] Ele agonizou por um mês!", declarou Saab. "Esperamos que haja um momento de consciência, de reflexão tanto das autoridades políticas do Reino da Espanha quanto das autoridades judiciais, e que entendam que isso não pode ser esquecido, que não há perdão nem esquecimento."

O incidente ocorreu durante a onda de protestos entre abril e julho de 2017, que exigiam a saída de Maduro do poder.

Líderes da oposição e organizações defensoras dos direitos humanos denunciaram na época uma forte repressão de policiais e militares contra as mobilizações registradas em Caracas e outras cidades do país, que resultaram em cerca de 125 mortes.

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