O órgão que representa os juízes espanhóis repreendeu, nesta segunda-feira (10), o presidente de Governo, o socialista Pedro Sánchez, por suas críticas depois que sua esposa foi convocada para depor como investigada em um suposto caso de corrupção e tráfico de influência.
"As resoluções judiciais, apesar de estarem sujeitas à crítica moderada e racional (...) merecem o máximo respeito de todos e, de maneira especificamente qualificada, daqueles que estão à frente das instituições, sem nenhuma exceção", indicou em um comunicado o Conselho Geral do Poder Judiciário (CGPJ), órgão responsável por nomear os juízes.
Sánchez fez "uma avaliação política das ações de um juiz de instrução", continuou, antes de fazer um chamado "à moderação" e a evitar "qualquer tipo de julgamento de intenções que apenas contribui para a deterioração das instituições e, definitivamente, da democracia constitucional onde a independência judicial é um dos seus pilares fundamentais".
O Tribunal Superior de Justiça de Madri anunciou na terça-feira que Begoña Gómez, a esposa de Sánchez, foi convocada a prestar esclarecimentos em 5 de julho no marco da investigação por corrupção e tráfico de influência que vem sendo realizada contra ela desde abril.
Em uma carta publicada na rede social X, Sánchez criticou essa decisão, ao considerar "estranho" que o tribunal tenha anunciado a poucos dias da realização de eleições europeias, que ocorreram no domingo passado.
"Habitualmente, segue-se a regra não escrita de não tomar decisões suscetíveis de condicionar o desenvolvimento normal de uma campanha eleitoral e (...) neste caso, fica evidente que essa prática não foi respeitada", escreveu o presidente de Governo.
Após o anúncio de que essa investigação havia sido aberta, Sánchez chegou a anunciar no final de abril, para surpresa de todos, que considerava renunciar, algo que acabou não fazendo.
As investigações foram abertas diante de uma denúncia de um coletivo próximo à extrema direita, Mãos Limpas, que admitiu ter se baseado apenas em artigos da imprensa.
O caso se concentra no apoio de Gómez, através de cartas de recomendação, a um empresário que ganhou licitações públicas no valor de 10 milhões de euros (57 milhões de reais).