A escola tem uma parede de escalada, campo de golfe e aulas de gaita de foles. Mas se Gordonstoun é uma das escolas particulares mais famosas do Reino Unido, isso se deve ao fato de Charles III ter passado sua adolescência lá.

É difícil ficar mais isolado do que nesse internato perto do Mar do Norte, na Escócia.

Gordonstoun, que fica perto de um vilarejo chamado Elgin, no norte da Escócia, é acessado por estradas rurais estreitas. 

O centro cobre uma área de 90 hectares, o equivalente a 200 campos de futebol, e abriga cerca de 500 crianças e adolescentes de cerca de 40 nacionalidades.

Amelia Lee, uma estudante de 17 anos de Hong Kong, dorme no antigo quarto de Charles III. "Quando penso nisso, parece surreal", diz Amelia Lee.

A escrivaninha do então príncipe ainda está no mesmo lugar. "Eu não a uso. Mantenho meus sanduíches lá", confessa Amelia Lee, que pôde se mudar para esse quarto depois de ser eleita capitã por seus colegas, assim como Charles havia sido em sua época.

O rei passou sua adolescência em Gordonstoun, dos 13 aos 18 anos, entre 1962 e 1967. Até então, os futuros monarcas britânicos recebiam sua educação de um tutor. 

"Ele foi tratado como qualquer outro aluno", diz a diretora de Gordonstoun, Lisa Kerr.

- Educação "ampla e exigente" -

No final de maio, o rei aceitou o título honorário de padrinho da escola. No entanto, há muito tempo há rumores de que Charles odiava Gordonstoun, uma tese que ecoou na série da Netflix The Crown.

De acordo com esses rumores, diz-se que Charles comparou a escola a um campo de prisioneiros alemão na Segunda Guerra Mundial.

Seus dias começavam com uma corrida, seguida de uma ducha quente, seguida de uma ducha fria.

Hoje, como na época de Charles, Gordonstoun oferece uma educação "muito ampla e exigente", diz Lisa Kerr.

"Não crescemos quando as coisas são fáceis, crescemos com desafios", diz uma parede, incentivando o esforço.

A escola foi fundada em 1934 por um educador judeu alemão, Kurt Hahn, que havia fugido dos nazistas. Entre os primeiros alunos estava o Príncipe Philip, na época membro da família real grega, mais tarde marido da Rainha Elizabeth II e Duque de Edimburgo.

Elizabeth II e Philip de Edimburgo enviaram seus três filhos, primeiro Charles, depois Andrew e Edward, para estudar lá.

Outras famílias reais também escolheram essa escola, informa Gordonstoun, sem revelar nomes.

O ator Sean Connery e o cantor David Bowie também mandaram seus filhos para lá. E os criadores da personagem fictícia Lara Croft imaginaram que a aventureira foi educada nessa escola, que abriu suas portas para meninas em 1972. 

Entre as aulas, os alunos circulam pelo enorme campus em pequenos grupos com seus uniformes, azul-celeste na parte superior e cinza-escuro na parte inferior. Hoje, o corpo discente é dividido quase que igualmente entre escoceses, estudantes do resto do Reino Unido e do exterior.

- 65.000 dólares por ano -

Os pais pagam cerca de US$ 65.000 (350 mil reais) por ano para cada aluno do ensino médio, embora alguns tenham bolsa de estudos.

Com esse preço, a variedade de atividades é infinita, com críquete, natação, tênis, hóquei, vela e muitos outros esportes.

Os mais interessados em música têm muitas opções, com aulas particulares de gaita de foles, piano, trompete e outros instrumentos.

Em Gordonstoun, "o objetivo não é apenas passar nos exames (...), mas tornar-se uma pessoa melhor", explica Lisa Kerr.

Uma adolescente canta na frente de seus colegas de classe no palco onde Charles certa vez apresentou Macbeth, de Shakespeare, para sua mãe, a Rainha Elizabeth II, que estava na plateia. 

Amelia Lee faz parte da guarda costeira e treina com outros alunos com os salva-vidas locais nos penhascos do Mar do Norte.

"Na chuva e no frio, você aprende a lidar com situações difíceis", diz a estudante do ensino médio, antes de sair para se preparar para a cerimônia de formatura. Depois de quatro anos em Gordonstoun, chegou a hora de ela voltar para Hong Kong.

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