A ONU pediu nesta sexta-feira a adoção de medidas globais para reforçar a luta contra a mutilação genital feminina, dificultada pelo fato de muitas famílias levarem suas filhas a outros países para realizarem o procedimento.
A organização apela a uma ação global contra a mutilação genital feminina transfronteiriça e transnacional, incluindo a chamada "ablação de férias" praticada por muitas famílias que vivem em países ocidentais.
Embora muitas nações tenham reforçado sua luta contra este procedimento, a excisão persiste no mundo, em parte devido à prática "clandestina" de levar as meninas a outros países, segundo um relatório da agência de direitos humanos da ONU.
Algumas famílias, principalmente na Europa e na América do Norte, aproveitam as férias escolares para levar as filhas aos seus países e comunidades de origem para realizar o procedimento.
Embora a maioria dos países africanos sigam esta prática, o relatório alerta que alguns Estados funcionam como "centros transnacionais de mutilação genital feminina".
Em alguns casos, os que praticam o procedimento viajam entre países para realizá-los.
"A mutilação genital feminina é parte de uma contínua violência de gênero e não tem espaço em um universo de respeito aos direitos humanos", afirmou o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Turk.
"Deve ser eliminada em todas as suas formas", acrescentou.
A agência da ONU para a infância, Unicef, define esta prática "como a excisão parcial ou total da genitália externa feminina e outras lesões nos órgãos genitais femininos por razões não médicas".
Esse procedimento pode gerar sérios problemas de saúde como infecções, sangramentos, infertilidade e complicações no parto, além de impedir o prazer sexual.
Turk apelou a todos os países a abordarem as causas profundas e as consequências desta prática, a harmonizarem seus marcos jurídicos e políticos e os aplicarem.
Segundo a agência de saúde sexual e reprodutiva da ONU, mais de 200 milhões de meninas e mulheres no mundo sofreram mutilação genital.
"Se a prática continuar ao ritmo atual, estima-se que cerca de 68 milhões de meninas terão sido submetidas à mutilação genital entre 2015 e 2030", afirma o relatório.
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